O Carlito Trovão nos conta que seu parceiro de samba, o Robson Tamborim aprontou uma das suas no último Natal na casa da nova namorada - a Taninha "Bom bocado". Pois Rô-rô, como é conhecido o moço, recebeu a tarefa de comprar no Centro da Cidade os enfeites da árvore de Natal da família da namorada (os piscas, os ursinhos, presentinhos, as tradicionais coisinhas que enfeitam o período natalino). Sua sogra, dona Marisa, recolheu uma grana com as tias e repassou ao moço para a tarefa. Não faria mais nada, apenas isso. Não se envolveria com as bebidas, com o churrasco, com a música, com a roupa nova, com o perú, com a sobremesa, seu compromisso era apenas com a produção da árvore de Natal e seus enfeites. Moleza, não? Não para o fanfarrão do Robson.
A galera repassou a grana no início do mês e o moço logo trouxe um enorme pinheiro para a sala da sogra (alguns até chegavam a desconfiar que ELE havia investido quase todo o dinheiro na árvore). Lentamente, ia trazendo os enfeites e a cada dia chegava com alguma novidade. Assim foi pelos 20 dias que antecederam a grande noite. Exatamente, no dia 23 de dezembro o sogrão decidiu testar os piscas, pois os convidados e parentes da Taninha vindos de São Paulo e de cidades do Interior do Estado estavam prestes a chegar e seu Quidão, como era conhecido o comissário de polícia Euclides da Costa Neto, sogro do "Rô-rô" não queria ter surpresas, nem pagar o mico de alguma falha. "Pagar vale para cunhado é brabo!" - dizia ele. Ao acionar as lâmpadas verificou-se que o sistema estava em perfeitas condições. Maravilha, tudo redondinho. O genro Robson havia acertado "alguma coisa" nesta vida.
No dia 24/12, véspera do Natal, por volta das 15h, o "Rô-rô" chegou na casa da namorada vindo da festa da firma, embalado por uns etílicos e com um grande embrulho na mão. Trazia uma enorme e dourada estrela cadente. Segundo ELE, Natal é tempo de paz, de alegria e luz. A tal estrela simboliza tudo isso.
A sogra achou a iniciativa simpática mas sugeriu deixar para o próximo ano a instalação de tal objeto na árvore. Não quis realizar maiores comentários, mas até o Quidão já havia testado o funcionamento de tudo.
Robson não satisfeito com a negativa saiu sorrateiramente e apanhou uma escada na garagem do sogro. Enquanto a namorada Taninha concluía as sobremesas, a sogra temperava as saladas, as cunhadas organizavam as louças e talheres, o sogrão buscava as bebidas o cara resolveu SOZINHO e "ligeiramente adocicado" de caipirinhas decidiu colocar a tal estrela no alto da árvore, mais precisamente no último galho do pinheiro.
Aproximou a velha escada do pinheirão e foi subindo lentamente, degrau por degrau, até atingir o local escolhido. Não precisou um vento muito forte para a escada balançar e o malandro cair por cima das renas, dos fios, dos noéis, dos galhos e presentes alojados junto à árvore.
Com um barulho assustador, a turma que estava na cozinha veio correndo acudir o trapalhão e decorador de meia tigela. Pouco tempo depois, o Quidão chegou em casa com as bebidas. Enfurecido, lembrou o que seus avós diziam.."Quidinho, sempre que avistar uma estrela cadente faça 3 pedidos". Naquela ocasião, seu Euclides resolveu fazer apenas 2 (e em voz alta, ou melhor, aos berros). "Saia da minha frente, sr. Robson. Saiaaaaaaaaaaaa" - um dos pedidos e o outro "Tomara que esta guria arrume outro namorado, mas que nem chegue perto dos enfeites de Natal". Naquele ano, de 2009, a festa natalina foi celebrada com uma árvore emprestada do vizinho do 502.
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