Bentinho do tamborim andava com a vida um pouco amarrada. Nada dava certo. O chefe pegando no pé, a patroa adoentada, o filhote mal na escola, a filha mais velha cada vez mais rebelde, as dores nas costas incomodando. Tava brabo o negócio. Um colega da firma sugeriu uma visita a uma terreira lá na Zona Norte. com algum preto velho, juntamente com um bom passe. No local, segundo seu colega da firma havia uma falange de pretos véios muito bacana. O vô Simão, pai José e tia Maria eram os mais requisitados do lugar. Bentinho chegou na humilde casa e foi logo procurando um dos três. Não teve muita sorte, pois o único disponível era tio Antonio de Angola, pouco conhecido na casa.
Diante da fase ruim, qualquer energia que viesse já estaria no lucro. Aproximou-se do tio Toninho, agachou-se, apresentando-se e abriu seu coração ao simpático velhinho. Em meio à conversa o preto velho pediu a Bentinho um "pito". O moço lamentou por não fumar e não ter um cigarro a oferecer à entidade. Olhou para o lado e avistou um menino que estava no local observando tudo. Bentinho chamou o menino, pediu a gentileza de ir ao bar na esquina e comprar o tal "pito". Alcançou-lhe uma nota de R$20,00. Sentado num banquinho, tio Toninho nem levantava a cabeça. O menino deu alguns passos e voltou perguntando a Bentinho:"Tio, que marca eu compro?". Bentinho, olhou para o lado e percebeu que o tio Toninho sempre de cabeça baixa, não se importaria muito com nomes e marcas, afinal era uma entidade. Respondeu ao garoto "Meu amigo traga um cigarrinho modesto (e falou uma marca de quinta categoria)". O menino ouviu a orientação e se encaminhou ao bar. Deu alguns passos e ouviu um voz forte. " O guií, não esquece o tôco, hein"- falou com uma voz firme e séria o preto velho tio Toninho. Bentinho tomou um susto, mas conseguiu dominar a surpresa, despedindo-se da entidade, dizendo que voltaria em seguida. Conseguiu encontrar o garoto na rua. Alcançou-lhe algumas moedas e correu para a parada de ônibus. A caminho de casa ainda resmungava em tom alto. "Pode pará, se eu ofereço um trago para esse preto velho e mando buscar, ELE vai querer um Chivas com algum energético". Preto velho moderno? To fora. E voltou para casa com o objetivo de fazer uma novena à São Judas Tadeu. A Tianinha que me contou o causo jura que é tudo verdade.
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