Dona Morena nos conta uma historinha vivenciada pela Karina Remelexo, a passista da escola de samba da Comunidade da Zona Sul de Porto Alegre. Num sábado de um verão escaldante a morena anunciou a seu companheiro, o Zézão, que iria participar de um chá de fraldas na casa de uma amiga no final da tarde. O evento contaria com a participação exclusiva de mulheres, nenhum homem poderia estar presente.
Por manter uma relação de vanguarda, o casal Karina e Zézão, lidava bem com estas coisas. Ela iria para o chá de fraldas e ELE iria jogar futebol com os amigos e depois perto das 22h, estariam juntos para jantar e participar de uma roda de samba “bem pegada”, como costumavam dizer.
O chá de fraldas na realidade, tratava-se de uma despedida de solteira, com espumantes, luzes coloridas, amigas desinibidas e muita euforia no ar. A preta Karina, chegou cedo no evento e posicionou-se bem próxima ao palco e era uma das mais entusiasmadas da festa que iniciaria às 18h. Exatamente, depois de 45 minutos de festa, ingressou no ambiente 3 homens musculosos, dançantes e fantasiados. Um bombeiro, índio e um super herói mascarado. Aos poucos, para delírio das amigas e convidadas da festa os artistas iam tirando suas roupas e exibindo seus corpos esculturais cobertos de óleos especiais. A Karina era só empolgação, esfregava as mãos nos corpos suados e já havia jogado para bem longe a culpa da “mentirinha ao marido”.
O índio já havia jogado seu cocar longe, o bombeiro estava só de sunga e o super herói não tirava a máscara de jeito nenhum. A Karina um pouco desconfiada, com aquele mistério e inibição, aproximou-se do moço e olhando bem de pertinho, foi percebendo algo familiar no striper. O mais assediado da festa tinha alguma coisa que lembrava o Zézão, seu marido. Depois de 90 minutos de pura sedução os moços foram retirando-se da sala mantendo o anonimato.
Ao chegar em casa Karina encontrou o marido tomando banho e logo perguntou ao Zézão como havia sido o jogo. Recebeu como resposta que a partida disputada foi bastante difícil, cheia de choques, gols e muitas emoções. Desconfiada, ELA rumou à área de serviço e vasculhou a bolsa esportiva e lá encontrou o par de tênis, o uniforme do futebol e uma estranha vestimenta de personagem infantil. Era uma fantasia de super herói (a mesma vista na despedida de solteira). Algum tempo depois, no intervalo da roda de samba, angustiada, Karina pergunta: “Zê, tu fazes isso há muito tempo? Todos os finais de semana, por exemplo??”. O cara respirou fundo e respondeu imediatamente: “E você, minha linda, costuma frequentar locais animados por estes profissionais?”. Silêncio no ar. Depois de um beijo apaixonado o casal decidiu nunca mais falar no assunto e andar juntos por todos os cantos possíveis. Chá de fraldas? Jamais. E futebol? Só pela tv. Embora pessoas modernas não se pode correr riscos.
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