Se fosse vivo, o Doutor em Geografia e entendido das coisas de POVO, o geógrafo Milton Santos, estaria comemorando 87 anos de idade no mês de maio. Considerado um
dos intelectuais mais importantes do Brasil, o cara nasceu, em Brotas de Macaúba, na Chapada Diamantina (BA). Filho de professores
primários, aprendeu a ler e a escrever aos cinco anos, sem frequentar qualquer
escola. Aos oito, já dominava a álgebra e dava os primeiros passos no francês.
Descendente de escravos emancipados antes da Abolição, Santos chegou a pensar
em cursar Engenharia, mas desistiu quando o alertaram que havia resistência aos
negros na Escola Politécnica. Isso porém, não o impediu que enfrentasse várias
manifestações de racismo na sua vida escolar e acadêmica.
Durante a fundação da Associação dos Estudantes
Secundários da Bahia, da qual Milton Santos participou ativamente, foi convencido
a não se candidatar ao cargo de presidente: seus colegas argumentaram que, como
ele era negro, não seria capaz(?) de conversar com as autoridades. Terminado o ginásio, Milton seguiu para a Universidade Federal da Bahia, onde
formou-se em direito, em 1948. Dez anos depois, Milton Santos tornou-se Doutor
em geografia, pela Universidade de Estrasburgo (França).
Com histórico de preso político em 1964, manteve seus discursos por justiça social e as requintadas orientações a seus alunos e orientandos até seus últimos dias de vida. Ao comentar com um amigo do Armazém, o relações públicas Miguel Ribeiro o mesmo recordou uma entrevista onde destacou-se uma frase de Milton Santos "De que adianta tanta tecnologia neste mundo moderno, se ao abrir as janelas de minha casa ainda avisto seres humanos alimentando-se de lixo??"
Quem leu, conheceu ou assistiu alguma fala deste senhor negro com cara de Brasil, sabe porque ele figurou no Armazém do seu Brasil.
Edinho Silva
"O
País Distorcido"
Autor: Milton Santos
Autor: Milton Santos
Num mundo assim transformado, todos os lugares tendem a tornar-se
globais, e o que acontece em qualquer ponto do ecúmeno (parte habitada da
Terra) tem relação com o acontece em todos os demais.
Daí a ilusão de vivermos num mundo sem fronteiras, uma aldeia
global. Na realidade, as relações chamadas globais são reservadas a um pequeno
número de agentes, os grandes bancos e empresas transnacionais, alguns Estados,
as grandes organizações internacionais.
Infelizmente, o estágio atual da globalização está produzindo
ainda mais desigualdades. E, ao contrário do que se esperava, crescem o
desemprego, a pobreza, a fome, a insegurança do cotidiano, num mundo que se
fragmenta e onde se ampliam as fraturas sociais.
A droga, com sua enorme difusão, constitui um dos grandes flagelos
desta época.
O mundo parece, agora, girar sem destino. É a chamada globalização
perversa. Ela está sendo tanto mais perversa porque as enormes possibilidades
oferecidas pelas conquistas científicas e técnicas não estão sendo
adequadamente usadas.
Não cabe, todavia, perder a esperança, porque os progressos
técnicos obtidos neste fim de século 20, se usados de uma outra maneira,
bastariam para produzir muito mais alimentos do que a população atual necessita
e, aplicados à medicina, reduziriam drasticamente as doenças e a mortalidade.
Um mundo solidário produzirá muitos empregos, ampliando um
intercâmbio pacífico entre os povos e eliminando a belicosidade do processo
competitivo, que todos os dias reduz a mão-de-obra. É possível pensar na
realização de um mundo de bem-estar, onde os homens serão mais felizes, um
outro tipo de globalização.
Fontes de pesquisa:
http://miltonsantos.com.br/site/
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs28029904.htm
Fontes de pesquisa:
http://miltonsantos.com.br/site/
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