19 de ago. de 2013

O peso da folia

A segunda postagem no BATICUMBUM...Sirvam-se

           Desci da arquibancada para falar sobre a figura de um rei Momo...
 
 
 
           Em 2010 escrevi para o site cultural “Levada do Samuka”, de autoria do publicitário, gremista ousado e cavaquinista Samuka Guedes um texto sobre os reis momos do Carnaval Brasileiro.

          A matéria apresentava um pouco da história do posto da nobreza momesca, do início da tradição em Porto Alegre, da polêmica escolha do Momo baiano em 2008 e seu peso, do papel do símbolo maior na festa popular do Brasil e algum comentário sobre a atual celebridade do Carnaval Portoalegrense.

           O início de tudo? Segundo o estudioso em samba e Carnaval Hiran Araújo, que aprofundou suas leituras na mitologia greco-romana, a figura do Rei Momo gordo baseia-se no contraste fartura da carne de domingo no Carnaval com o jejum na quaresma, e que pôde acompanhar a teoria da religião católica que adotava um Rei Momo magro como símbolo. Nas saturnálias romanas (festas em homenagem ao Deus Saturno), a figura do Rei existia e era escolhida entre o soldado mais belo que, depois, era sacrificado. Portanto, acompanhando seus estudos, o Rei Momo do Carnaval deveria ser magro.
          E aqui na Cidade Sorriso? Antes de 1960, não existia Rei Momo, Rainha, Princesas do Carnaval. Cada bloco tinha a sua própria “realeza”. Em Porto Alegre, na década de 30, o Rei Momo era um boneco que representava a figura do fanfarrão, que não trabalhava e vivia para festas. O boneco se tornou símbolo dos desfiles até virar gente. Anos depois, surgiram os “soberanos” Lelé e Macalé, que animavam os carnavais nos bairros da cidade. Mas o maior Rei Momo de todos os tempos na Capital foi Vicente Rao, o personagem da folia, o maior mito do Carnaval de Porto Alegre, que reinou durante 22 anos (entre 1950 a 1972). Alguns nomes mais contemporâneos como Silvio Lunardi (o Miudinho) e o Frotinha também deixaram suas marcas. 
          Atualmente, o guardião da coroa e de tudo que envolve o ziriguidum das festas de Momo é o simpático e incansável carnavalesco Fábio Verçoza, que divide suas atividades entre os muitos projetos sociais em que se envolve, assim como os diferentes e importantes “aglomerados” culturais de nossa cidade. Assim circula, por onde passa, com simpatia e generosidade compartilhando seus conhecimentos de cultura, de advogado, de professor, de artista e de inquieto agitador cultural, transferindo seu carinho e sua contribuição a qualquer grupo ou pessoa que dele se aproximar.
          A maior festa popular brasileira está muito representada. Eu GARANTO! Sabem por que? No meu entendimento, muito simples. Sobra humildade e gentileza no moço. Certo dia, quando o abordei na esquina da Independência com a Barros Cassal para falar de algumas ideias e projetos culturais, mesmo atrasado para um compromisso profissional na Secretaria da Cultura, disponibilizou um bom tempo para ouvir meu relato. E, assim, já testemunhei situações parecidas quando presenciei o Fábio conversando com a mesma empolgação sobre cultura e Carnaval com a baiana que acompanhava sua netinha no ensaio da Escola do coração, da mesma forma que conversava com um Gestor Público da Cidade.

          Então a receita tá lançada: Quer ser rei de alguma coisa? Siga os exemplos do Fábio Verçoza. Seja gordo, seja magro, famoso ou anônimo... O importante é manter a alegria, o respeito ao outro, alto astral e toda a vibração que tamborins, passistas, mestres-salas e tudo de belo que cerca a grande festa popular que é o Carnaval.

              Salve Majestade da Folia. Voltei para a arquibancada.

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