ilustração: Raphael Cruz
O 25 de julho é Dia Internacional
da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de
Benguela. É uma data de muitos significados para as mulheres negras. E no
Brasil, motivo das mais variadas manifestações e comentários, nem sempre bons.
Como sempre.
Apesar de sermos um país em que a população
negra é maioria (54%), causa, muitas vezes, estranheza termos um dia para
rememorar a luta da mulher negra, já que temos o dia Internacional da mulher.
Não, né? Definitivamente, não devia causar estranheza.
Principalmente por vivermos em um país racista.
Sim, nosso Brasil é racista. As oportunidades são bem diferentes. Então, vamos
reverenciar as iniciativas que nada mais querem do que oportunizar igualdade.
Não por querermos ser iguais aos brancos. Mas a igualdade de, mesmo diferentes, termos as mesmas oportunidades.
Mas não é só no Brasil que a população negra
sofre com a discriminação. Sabemos que é da natureza da mulher ver o copo
metade cheio. E a mulher negra tem essa característica na potência máxima. Pois
já nascemos com o estigma da inferioridade imposta por uma história de perda da
identidade, e também de luta e sofrimento.
E a data 25 de julho, tem um porquê. Neste dia,
em 1992, um grupo de mulheres negras, com o desejo de reverter os dados
estatísticos sempre negativos em relação à população negra, decidiu virar o
jogo na busca de soluções, oportunidades, respeito. Do 1° Encontro de Mulheres
Negras Latinas e Caribenhas em Santo Domingo, na República Dominicana, nasceu a
Rede
de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas. Com isso, por uma
mobilização junto à Organização das Nações Unidas (ONU) obtiveram o
reconhecimento do dia 25 de julho como o Dia Internacional da Mulher Negra,
Latino-Americana e Caribenha.
Anos depois, essa mobilização instigou o Brasil
a instituir, também no dia 25 de julho, o Dia Nacional de Tereza de Benguela,
líder quilombola, símbolo de resistência e liderança na luta contra a escravização.
Tereza de Benguela tem que ser estudada nos bancos escolares.
Tereza de Benguela ou Rainha Tereza como
costumava ser chamada, viveu no século XVIII e liderou o Quilombo do Piolho,
também conhecido como Quilombo do Quariterê que se localizava entre o rio
Guaporé e Cuiabá, capital do Mato Grosso. Sob sua liderança, a comunidade negra
e indígena resistiu à escravização por duas décadas.
Por
isso tudo, nós devemos enaltecer essa importante data. Pois é uma data em que
as mulheres negras refletem e fortalecem as lutas por uma sociedade, sem querer
ser clichê, mais justa.
Relembrando que, desde o início de 2020, em
tempos de pandemia, vi tantas Lives falando da questão racial, muitas
maravilhosas e elucidativas e outras referendando o racismo institucional,
sinto-me feliz por constatar que não há mais volta. É nossa ancestralidade pedindo
passagem. Por isso, devemos sim, comemorar. Viva o dia 25 de julho, Dia Internacional
da Mulher Negra Latino-Americana e
Caribenha e Dia Nacional de Tereza de
Benguela.
Observação: Neste dia 25 de julho comemoramos
também o dia do escritor. Sinto-me, duplamente contemplada: mulher negra e,
modestamente, escritora.
Um
beijo da Indaiá Dillenburg
Texto
original publicado na minha página de textos, a Superlativa no Facebook no dia
14/03/2021.
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