acervo da "Inda"
Espalhe
amor por onde for. Quem sabe amar destrói a dor, com essas palavras que fazem parte
da linda canção Sorriso de Criança, começo minha resenha de hoje. Sua autora,
Dona Ivone Lara, que fez essa linda composição com Délcio Carvalho, é minha
homenageada de hoje. E falar sobre a dama do samba me remete a vários temas que
movem a família Armazém do Seu Brasil: cultura, afetos, brasilidade, saudade...
E
saudade dos que já se foram sempre toca fundo em mim. É claro que eu tenho
sempre muita saudade dos meus pais e da minha linda sobrinha Monica que nos
deixou precocemente e abruptamente. Um dia escrevo, ainda não tive coragem, uma
crônica sobre essa guria linda e feliz. O pai e a mãe, já falei em outra
oportunidade, ganharam crônicas publicadas.
Mas o que eu quero falar aqui é da saudade que sinto, sentimos de Dona Ivone Lara, essa mulher maravilhosa que tanto bem nos fez com suas lindas inspirações. E eu fico toda envaidecida por ter participado da realização de uma homenagem a ela, ainda em vida. Dona Ivone nos deixou aos 97 anos em abril de 2018, e tinha sido homenageada um ano antes, em abril de 2017, no templo sagrado da minha vida: o Solar dos Dillenburg, mais conhecido como minha casa. Isso mesmo, embarquei no entusiasmo da sambista, cantora e compositora Guaíra Soares e da poeta Fátima Farias (ela não gosta de ser chamada de poetisa) e realizamos uma homenagem regada a bobó de frango preparado pela Fátima, que além do talento com a caneta, é uma cozinheira de mão cheia.
Foi
um dia intenso, cheio de afetividade e música. Queres cantar Dona Ivone? Podes
chegar. Cada convidado escolheu sua música preferida e a festa correu solta.
Ficou a promessa de fazermos novas edições, mas a homenagem especial para nossa
dama do samba, acabou sendo a única e ficou marcada nos nossos corações.
Essa
carioca, mãe de dois, foi a primeira mulher a fazer um samba-enredo numa
escola, o Cinco Bailes da História do Rio, em 1965. Suas composições foram
gravadas por intérpretes como Clara Nunes, Roberto Ribeiro, Maria Bethânia,
Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paula Toller, Paulinho da Viola, Beth Carvalho,
Mariene de Castro e Roberta Sá. Entres suas composições de sucesso estão Sonho
Meu, Sorriso Negro e Alguém me avisou.
Mas
ela era muito mais. Antes de se entregar de corpo e alma à música com suas
composições que curam nossa mente, ela já tinha uma linda história. Pois
graduada em Enfermagem e Serviço Social, com especialização em Terapia
Ocupacional, trabalhou como enfermeira e assistente social em hospitais psiquiátricos
de 1947 a 1977. Nessa caminhada, atuou no Serviço Nacional de Doenças Mentais com ninguém menos que a doutora Nise
da Silveira, uma das principais referências da luta antimanicomial no Brasil. A
arte de Dona Ivone Lara, por si só, já nos arranca elogios, mas esse outro lado
chancela sua importância.
Mulher
sensível que merece todas as homenagens do mundo. Por isso, é a outra homenageada
no projeto de Edinho Silva que está de volta: o Sarau do Seu Brasil. Essa maravilha
trará fragmentos das obras de dona Ivone e de Aldir Blanc. Como Edinho já
contou por aqui, os anfitriões musicais serão o violonista e sambista Dédo
Pereira (o sete cordas do Armazém), Guaíra Soares e o próprio Edinho que vai
comandar as resenhas. Aguardem. Vai ser sensacional.
Eu
me despeço por aqui, louca que chegue a semana que vem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário