25 de fev. de 2013

Selo ou não sêlo, eis a questão


               Hoje à tarde me dirigi a uma agência dos Correios para postar algumas cartas a amigos. Mesmo com a velocidade da internet não abro mão de corresponder-me e enviar cartas escritas com o próprio punho a meus "especiais". Por que?? Simples. Prestigio os serviços dos Correios, ajudo a manter algumas pessoas empregadas (no caso o carteiro e todos envolvidos no processo de entrega de correspondências), oportunizo quem gosta dos meus traçados a ter uma recordação de uma grafia e possibilito que minhas parcerias recebam diferentes tipos de cartas (nem me fale, das famigeradas...). 
              Costumava utilizar os serviços da CARTA SOCIAL. Já ouviram falar nesta modalidade?? O custo é R$0,01, a carta não deve pesar mais do que 10gr, redigida de próprio punho, pessoa física e um número restrito de 5 cartas por dia para cada remetente. Não é uma boa?? ERA, pois algum infeliz e desconectado vinculou o tal serviço a programas sociais do Governo. Ou seja, uma pessoa comum que não recebe bolsa-familia ou qualquer outro tipo de benefício NÃO PODE MAIS UTILIZAR O SERVIÇO. Precisa usar o selo mais barato e popular que custa R$0,80. Fiquei triste e indignado principalmente, porque as pessoas já não escrevem tanto assim. Alguns sequer sabem da existência dos Correios (principalmente, os que são atendidos pelos Projetos sociais). Foi duro receber tal informação.
             Precisava compartilhar meu sentimento de ira com alguém. Procurei o Zeca do Surdo e desabafei. Na metade da fala, o cara lascou: "Mermão! Em 2010, um entidade não governamental aqui do Sul organizou um curso de restauração de obras de arte voltado às comunidades da periferia de Porto Alegre. Idéia genial e sem custo aos alunos, onde os mais desprovidos economicamente pudessem qualificar-se e ingressar no mercado de trabalho. Né, mesmo?? Faltou um detalhe: as inscrições só eram aceitas pela internet. Ah, dá licença, mermão?? - esbravejou o cara. "Neguim, não tem uma moeda para pagar a lan house, não tem note book em casa e muito menos computador. Como fazer a inscrição??" - indignava-se.
             Ouvimos falar que as escolas públicas receberão tablets, notebooks, computadores e impressoras de última geração. Mas, alguém perguntou se as bibliotecas destas mesmas escolas não precisavam de novos livros e profissionais bibliotecários para atuarem nestes espaços??
              Coisas do Brasil?? Não. No Chile, na Argentina, em Portugal, na Espanha é tudo muito parecido. O que fazer?? Já combinei com o Zeca, vamos pegar o jornalzinho mensal do gabinete do nosso deputado federal e lascar email e outras cartinhas na direção dele. Afinal, se o assunto é federal que se mexa, ora. Nosso senador, votou no Renan Calheiros, mas vai levar carta também...
              Espernear é preciso. Creio que, Sócrates concordaria comigo.

Edinho Silva

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