A mulata Sandra não cansava de alertar seu marido, o Carlão Bernardo, o quinto cavaquinhista da turma e da roda de samba da Vila Socó, sobre sua saúde. O "homenzinho" era bom de garfo. Devorava pratos fundos de arroz e feijão, carboidratos em geral e muita carne vermelha. Depois de algum tempo, o corpo sinalizou. Necessitou comparecer às pressas ao médico, pois sua pressão andou alterando e coisas do gênero.
Carlão era um sujeito de boa conversa, porém de poucos amigos quando o assunto era alimentação. Por que quinto cavaquinhista da turma?? Porque mesmo que o Carlão carregasse seu instrumento para todos os lugares no porta mala, ELE só era acionado quando não havia mais nenhuma opção. Seus dedos eram um pouco duros para a tarefa, diziam alguns. O cara não se importava muito com isso, pois queria mesmo era a companhia dos amigos, uma ceva gelada, um suculento pedaço de churrasco e um samba bem cantado. Tudo isso já era sinônimo de satisfação.
Adorava um churrasco autentico com seus diferentes tipos de carnes oferecidas e assadas. Era bom de garfo, o nego!!! Pois, como nos contou o Carlito Trovão seu parceiro fiel, depois da visita ao médico o Carlão trocou todos seus hábitos alimentares. Drasticamente, cortou as carnes vermelhas (bovinas), substituindo-as por vegetais e legumes. Forçadamente, transformou-se em vegetariano. Na marra.
A novidade não o afastou das reuniões dos amigos e com isso, manteve o hábito de participar das churrascadas. Não comia carne e levava sua própria salada, seu kit vegetariano. Simples. No aniversário da comadre Salete, mulher do Bastião, o sujeito mais folgado do pedaço e que gostava de tirar vantagens de todas as formas nas coisas que se envolvia. Churrasco na casa da Salete e do Bastião por adesão. O cara soltou o verbo e convidou a turma: "No próximo sábado, aniversário da preta, todos lá em casa com seu kit - PAC de cervejinhas e o tradicional quilinho, fechado??" "Malditos quilinhos", como dizia o Carlão. A nutricionista falou que um ser humano normal não consegue comer 500gr de carne. Ainda mais com guarnições. Então a pergunta que o Carlão sempre fazia: "Pra que um quilinho, se o vivente só consegue comer a metade?? Por que os tristes insistem em pedir "quilinho"??
Pois na festa da Salete e do "folgado" do Bastião rolou a convocação e o stress. O Carlão, cansado de levar sua maminha uruguaia e comer costela do peito do açougue da esquina, num outro momento da vida (só comendo saladas), não se conteve. Abriu o "bocão": "Pô, Bastião!!! Por que não sugere que cada dupla traga um quilo de carne?? Um quilo por pessoa é muito não achas?? Por que TU não compra tudo e "racha". Certamente sairá mais barato, né mesmo?? Mais justo pelo menos... O anfitrião não deu ouvidos, insistindo no "quilinho" e na PAC de latinhas de cerveja. O Carlão, enfurecido com a atitude, agora comendo salada e tomando suco, ficou de olho vivo na esperteza do Bastão....EU e o Carlito Trovão concordamos com o Carlão. Se cada SER HUMANO normal não consegue comer mais do que 500gr de carne, o que sobra vira carreteiro do outro dia então??
Putz...que feio!!!
Putz...que feio!!!
nte....
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