Quem já ouviu falar em “Betinho com braço” nas rodas de samba no RS? E a obra do grande compostiro carioca Beto sem braço?? Pois eu conheci este moço em dezembro de 2105. Estava comemorando meu aniversário com meus amigos e familiares, num boteco tradicional de Porto Alegre, em meio a uma grande concentração de sambistas reunidos e convidados pelo irreverente Carlinhos Presidente. Na oportunidade acontecia o “Quintal do Presidente” – roda de samba solidária que arrecadaria brinquedos para entidades assistenciais da Cidade. Ressalta-se que, nacionalmente, o representante da obra de Beto é o sambista carioca Italo Costa, também conhecido pelo apelido de "Bracelete".
Na roda de samba participavam
muitos sambistas convidados, mas um em especial me despertou a atenção. O
sujeito de forma desinibida e energética cantava e versava os sambas do saudoso
carioca Beto sem braço. Dividindo o palco com o anfitrião Carlinhos “colava um
samba atrás do outro”. Coisa muito bacana. Seu nome? Leno Bueno para os mais “chegados”.
Num dos intervalos, fui ao seu
encontro para conversar um pouco com o sambista residente em Caxias do Sul e
nascido em São Miguel do Oeste/SC. Ao longo da conversa descobri algumas coisas
interessantes. Por exemplo: seu primeiro contato com música foi com a nativa
música gauchesca. Ouvindo com sua mãe, seus tios e avó muito José Mendes, Jorge
Camargo, Nery Bueno (seu tio, póstumo) integrante do grupo de músicas regionais
“Os Chimarristas”.
Mesmo sem tocar nenhum instrumento
musical, ainda criança (8 anos) já cantava para a família. Naquela época seus
ritmos preferidos eram o samba, apresentado por seu padrasto. Ouvia de tudo,
porém eram os irreverentes Bezerra da Silva e Dicró que mais chamava sua
atenção. As andanças de Leno Bueno
pelos bares da vida iniciaram quando já tinha 16 anos. Na companhia do irmão
William Bueno e do amigo Gilmar( o “tio”) sacudiam os bares na cidade de
Vacaria. O repertório era variado passando por diferentes gêneros musicais como
músicas de bandinhas, gauchescas, sertanejos e sambas de raiz.
Algum tempo depois iniciaram-se
suas pesquisas no ritmo que mais adorava – o samba. E assim iniciou seus
estudos nas obras de Donga, Ismael Silva,
Geraldo Pereira, Wilson Moreira, Gordurinha, Noel, Cartola, Monarco, Jamelão, Candeia,
Ataulfo Alves, Ciro Monteiro e os contemporâneos Paulinho da Viola, Nei Lopes,
Xangô da Mangueira, Moreira da Silva, Jards Macalé, Elton Medeiros, Mestre
Marçal, Wilson das Neves, Tantinho da Mangueira, João Nogueira, Paulo César
Pinheiro, chegando em Serginho Meritti, Zeca Pagodinho, Nelson Rufino, Ivone
Lara, Moacyr Luz, Toninho Geraes, Efson, Carlinhos Santana, Bandeira Brasil,
Arlindo Cruz, Almir Guineto, Aluisio Machado, Sombrinha. Dá para duvidar do
gosto do moço?
Aos vinte e seis anos surge em
meio às pesquisas o nome mais expressivo na sua ótica: o do sambista e compositor Laudenir
Casemiro - o Beto Sem Braço. Depois
de uma intensa pesquisa na obra do compositor, que contou com o auxilio da
filha Priscila Casemiro e da sobrinha Luciene Casemiro o sambista Leno Bueno
chegou até a discografia de Zeca Pagodinho, um dos maiores intérpretes de Beto
sem braço. Até os dias de hoje troca informações e obras com sambistas de todo
o Brasil, entre eles o carioca Italo Costa que também interpreta Laudenir na
cidade do Rio de Janeiro.
A aproximação ao sambista Carlinhos
Presidente (seu Padrinho de partido alto e de samba) representou novos espaços
no cenário musical do samba gaúcho. Enquanto isso não acontecia passou por
grupos como Swing Sem Razão, Marco Samba, Essência do Samba e Samba de Sapato
Novo, optando em seguir carreira solo em 2015.
E esta é um pouquinho da jovem história
de Leno Bueno – sambista,
vice-presidente e um dos fundadores do Clube do Samba de Caxias do Sul, o maior
divulgador e pesquisador da obra de Beto sem braço – grande compositor carioca.
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