8 de ago. de 2022

Intolerancia racial...Até quando?? por Indaiá Dillenburg

               

                                                                    Imagem disponível nas redes

                

      Almoçando com três amigas de longa data, veio a pauta racismo. Única preta à mesa, fui questionada se e quando passei por situações de racismo. Contei que a primeira vez que tive consciência da diferença racial, foi, pasmem (ou não), na Faculdade, não só no campus da comunicação, onde cursava jornalismo, mas em outros campus por onde transitava. Nunca me portei como ser inferior, mas a percepção de que a supremacia branca queria assim se manter ficou latente. 

              Tiveram outros casos, pós-universidade, mas sempre muito disfarçados. Mesmo assim, não enfrentava essa pauta necessária, não só para nós, pretos, mas também para toda a sociedade. Hoje me posiciono, pois não devemos retroceder um milímetro sequer.

      Dito isso, é imperioso falarmos sobre o que aconteceu com a família da atriz Giovanna Ewbank em Portugal, quando uma mulher branca destratou seus filhos pretos e outras pessoas de uma família angolana. A “mais suave” das frases foi “Voltem para a África”. Giovanna foi para cima e até estapeou a mulher. Eu faria o mesmo, pois mexeu com minhas crias e com as crias dos meus amores da família, mexeu comigo. Como diria meu pai, “É aí que o pato come!” Óbvio que me tornaria a vilã, por ter partido para o tapa. Mulher preta.

                O que me causou felicidade (se é que podemos falar em felicidade nesse caso tão triste) foi confirmar tudo que já sabia. Giovanna e Bruno Cagliasso têm plena consciência do privilégio branco e fazem a leitura de que se ela fosse uma mãe preta, o desfecho seria outro. Pois o risco dos pretos ao confrontar pessoas brancas, é imensurável e levariam uma mãe preta a se calar na mesma situação. Desde que o filho nasce, a mãe preta já passa pelo dilema de ter que orientá-lo a como se comportar. “Não corra, não responda ao ser confrontado, não carregue guarda chuvas grande”, são apenas uns exemplos da doutrinação dos nossos jovens pretos pelos pais preocupados e zelosos, para que eles possam viver em sociedade.

                Não basta ser antirracista. Tem que trazer essa pauta para o dia a dia, falar com nossas crianças sobre isso e ser empático. Minha filha mais velha a partir do momento do seu renascimento (como ela diz) passou a ter uma mãe preta. Desconheço ser mais atento às armadilhas racistas. A menor não fica atrás, toda ativista em vários temas, inclusive a pauta do racismo.

                Fiquei muito tocada com o que aconteceu com os pequenos filhos dos atores, tão jovens e já passando por essa mazela que insiste em permanecer em pleno século XXI. Temos muito que caminhar.

                Para finalizar quero lembrar o que vi dia desses. Um jornal colocou a foto de uma senhora negra e a descreveu como descendente de escravos. Pode parar. É a nossa história que querem ainda nos roubar. É nossa ancestralidade pedindo passagem. Sim, os ancestrais dessa senhora foram ESCRAVIZADOS (caixa alta necessária). Mas foram arrancados de onde? Está tudo errado, mas estamos de olhos bem abertos, sempre vigilantes. Hoje eu fico por aqui, acreditando em um mundo melhor! Até a próxima!

                                                                     Um beijo da Indaiá Dillenburg

 

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