Alguns amigos meus e do Zé Prettin integravam um conhecido grupo de danças populares de Porto Alegre. Certa ocasião reuniu umas economias, fez alguns contatos, preparou figurino, "lapidou" coreografias, ajustou os passaportes e rumou além fronteiras. Compromissos marcados, a turma desembarcou no aeroporto de Ruzyne, em Praga para a participação de um festival de arte, cultura e danças naquele acolhedor lugar. O grupo não era muito numeroso, mas contava com a simpática e enérgica participação do Mário "Gato" e seus irmãos.
Uma familia de branquelos, olhos claros e muito bons de ritmo que garantiam o sucesso e a trilha sonora da trupe. Juntamente com seus irmãos, o cavaquinista Anselmo, os percusionistas Laurinho do pandeiro e Telminha Batucada, o Mário Gato, com seu violão e seu gogó, "explodia" de balanço e suingue qualquer espaço por onde passassem. As danças e roupas estavam garantidas e a familia do bichano(Gato) bancava o ritmo.
Ao chegar no aeroporto de destino carregando instrumentos, bandeiras do RS e do Brasil, mais uma porção de quinquilharias gaúchas o grupo foi chamando a atenção dos demais passageiros pela euforia. Abordados pela segurança do local, após as devidas identificações forma informados que o transporte que os levaria à Cidade do evento estava atrasado e demoraria algum tempo mais para o translado. Inquieta, Telminha, a única moça da banda e irmã do Gato, aproximou-se de um bar do aeroporto e comprou umas cervejas. Torrou o dinheiro das refeições daqueles momentos. Empolgado e com a cerveja na cabeça, o alemão Anselmo sacou o cavaquinho e começou a dedilhar um samba. O GATO que não era de deixar nenhum irmão mal, tirou o violão do estojo e saiu metendo samba. E o Laurinho?? "Explodiu" seu pandeiro de pancadas. Estava formada a batucada no aeroporto de Praga. Regada à cervejas e muito samba. As pessoas não entendiam nada, pois muitas haviam ouvido falar coisas do Brasil completamente diferente do que viam. Tinham a idéia de um país mestiço que adorava caipirinha e não branquelos de olhos claros na maior cervejada. Bandeiras brasileiras tremulando, passistas e bailarinas sambando, o grupo cantarolando músicas do Cartola, da Ivone Lara, do Lamartine Babo e de muitos brasileiros de destaque no cenário nacional. E assim prosseguiu a festa. As pessoas sorrindo, sambando e cantando, bebendo e celebrando, o estojo do violão aberto e as notas estrangeiras sendo depositadas. A alegria estava garantida e a janta também.
Da forma como conhecemos (eu e o Prettin) a familia do Mário Gato e as folias no litoral gaúcho aquele espaço de pouso e decolagem nunca mais foi o mesmo.
Muito bom!!! Aqui tá a síntese, por experiência própria: "as pessoas não entendiam nada, pois muitas haviam ouvido falar coisas do Brasil completamente diferente do que viam. Tinham a idéia de um país mestiço que adorava caipirinha e não branquelos de olhos claros na maior cervejada." Um grande abraço do GATO, digo, RATO! Hehehehe. E continua escrevendo, né? Tão muito bons teus textos.
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