10 de nov. de 2010

Achado não é roubado, mas pode custar um soco na cara

 

               Dona Morena nos conta que, um parceiro de pagode, o Macedinho voltava, em plena madrugada, na companhia de mais 3 amigos, de uma animada roda de samba com o nível etílico acima do normal, quando decidiram parar no trailer de lanches do bairro e tomar mais algumas geladas, ouvindo alguns sambas na “máquina”. Com algumas moedas na mão e no equipamento era possível ouvir Jamelão, Martinho da Vila e Beth Carvalho a qualquer hora.
O local estava lotado e os 4 amigos monopolizaram a máquina  e a discotecagem. Ninguém ouvia mais nada e dê-lhe samba das antigas. Em meio à batucada, o Silva resolveu dançar e para isso convidou uma moça que estava sentada numa mesa próxima à da turma. Nem percebeu o amigo do Macedinho, que a dama estava acompanhada, aliás, acompanhada por uma galera, entre eles o carteiro e boxer, Olegário. Sujeito camarada que, reuniu os amigos de Academia para comemorarem seu aniversário. Ao perceber os gracejos do Silva, o “pequenino” Olegário, 1,94 de altura e 132 Kg de massa muscular, desceu o braço na turma do Macedinho.
Eram socos no ar, cadeiras e mesas voando, tapas, sangue, o Jamelão gritando na máquina de música, gemidos,  ameaças, enfim uma verdadeira confusão. Em meio a confusão, limpando o sangue no canto da boca e levantando-se do chão lentamente o provocador Silva avistou um bonito relógio no chão. Discretamente, recolheu e guardou no bolso. Com a chegada de policiais militares os ânimos foram acalmando-se e as turmas orientadas a seguirem para as suas casas.
Retornando às suas residências, o grupo dos 4 amigos, dividiu-se um pouco. Alguns vinham caminhando à frente, outros mais atrás. Macedinho caminhava no primeiro grupo e lamentava ter perdido o relógio, presente do seu filho no Natal passado, uma falsificação perfeita dos grandes modelos importados.
No grupo que vinha mais atrás, o perturbador Silva, vangloriava-se com a façanha de ter tomado uma surra, mas tirado alguma vantagem do evento: “Apanhei, mas o relógio daqueles p#*$#a/! está comigo. E isto ninguém me tira. Não devolvo de maneira alguma! Sentenciava ELE.
           Ao ouvir a conversa, Macedinho aproximou-se e pediu de volta o relógio ao Silva, explicando a história do presente natalino. Podem acreditar que, o malandro depois de provocar toda a confusão se negava a devolver o relógio?? Se não fosse a interferência imediata dos amigos, o dolorido Silva tomaria a segunda surra no mesmo dia. Afirmam os amigos do Macedinho que, o moço tem uma “pegada firme” na mão esquerda. Afinal, são 12 horas de trabalho duro na serralheria da família.            

Por favor, não chame a Polícia!




Tio João contou-nos que, seu parceiro Francisco Nogueira, o “Chico Cabelo”, como é conhecido o mulherengo amigo da  turma do Armazém não vale o cereal que come no café da manhã de todos os dias. Destemido, galanteador e cara de pau sem comparações.
Numa de suas andanças pelos pagodes da vida, o Chico conheceu a jovem e bela Carolina – advogada recém formada na Federal – filha única do coronel da Brigada Militar, sr. Romeu Pimentel e da Promotora da Justiça, dra. Lavínia  Costa.
Pois, a jovem preparava-se intensamente para as provas do Ministério Público e nos raros momentos de relaxamento era estimulado pelos pais a divertir-se com as amigas, curtindo um bom samba. Num agitado reduto de samba da Zona Sul, cruzou o caminho do Chico Cabelo, 18 anos mais velho que ela, mas “interaço” como costuma afirmar o moço. Conversa pra cá, passinhos pra lá, semana após semana de encontros na roda de samba, pagode após pagode, acabaram tornando-se namorados. Tudo certo? Que nada...o “bacana” era casado e aplicava sua condição de solteiro sem pudor. Com dois filhos adolescentes, era casado com a Anita, técnica em Enfermagem de um famoso hospital da Cidade.
Depois de algum tempo de namoro(?), o Chico já era considerado membro da família Pimentel. Paparicava o sogrão, era gentil com a sogra, enfim, um “encanto de pessoa”.
Certo dia, a Carol convidou o Chico para um churrasco dominical na sua casa para apresentar-lhe seus padrinhos, velhos amigos de seus pais. Aproveitando um plantão da Anita, prontamente atendeu o convite. Chegou cedo a casa do seu Romeu e foi tomando as providências para o churrasco. Naquele dia seria ELE o assador oficial, afinal os anfitriões dariam atenção às visitas. Enquanto os “dindos” não chegavam, conversavam animadamente junto à churrasqueira, genro e sogro, preparava os espetos, o carvão e todo o movimento do assado. Seu Pimentel alertava o Chico sobre o jeitão do seu amigo e compadre, padrinho da Carol, o Miguelão. Gente boa, brincalhão nas folgas, mas irreconhecível nas suas tarefas profissionais como comissário de Polícia, impaciente, agitado e “ligeiramente duro” com as tarefas cotidianas. A conversa ia evoluindo quando foi ouvida uma buzina de carro defronte à casa (a churrasqueira localizava-se nos fundos da garagem). O cel. Pimentel e suas mulheres, a filha Carol  e a mulher, Lavínia foram recepcionar o Miguelão e sua esposa, enquanto o assador dava continuidade às tarefas para não atrasar o almoço. 
Um “vagalume azul”, por sorte, soprou o ouvido do Chico e o fez espiar pelas laranjeiras que dividiam a frente da casa e o longo pátio de acesso à churrasqueira.
Por que? Acreditem, a dinda da Carol e mulher do Miguelão, era a dona Laura, enfermeira chefe e uma das mais incentivadoras da Anita, sua mulher oficial, na profissão.
Putz, numa ação rápida, não teve dúvidas. Ergueu os espetos na churrasqueira, pegou a sua inseparável bolsa de mão e pulou o muro da casa da namorada(?). Havia um terreno baldio vizinho à casa da família Pimentel  e que foi muito útil, para que o “Cabelo” antes de ser apresentado aos convidados ganhasse o mundo! Não quis testar o humor do Miguelão, nem a memória da dona Laura que, havia trocado presentes na festa de final do ano do Hospital com a Anita. Naquela ocasião o Miguelão estava de folga, ao contrário deste domingo na casa dos Pimentel. Vinha de um plantão pesado, segundo ELE, comentou depois com os anfitriões. Sem entender nada, seu Romeu deu continuidade ao churrasco, enquanto a Carol ligava para o celular do Chico ouvindo a “famosa mensagem da caixa postal”.
Alguns dias depois do domingo cinzento, Chico Cabelo fez contato, alegando necessidade de afastar-se um pouco para refletir sobre a vida, reconsiderar algumas  coisas e sobre a tal fuga quase não falou. Alegou  não ser correto ingressar ainda mais na família e tal. A bela Carolina não compreendeu muito e os Pimentel, menos ainda. Por sorte, o tempo cicatrizou tudo isso. E o Chico? Não pode ver uma viatura policial andando lentamente perto dele. Ficou extremamente caseiro, curtindo os filhos, colocando a leitura em dia, reorganizando seus vinis e cds. Carnaval só na tv e samba só em família. O seu Pimentel foi para a reserva  e sua filha, Carolina, seguiu os conselhos do dindo. Entrou para a Polícia Civil e  foi vista num programa de tv,  participando como a mais jovem Delegada de Polícia do estado e campeã do torneio de tiro da ACADEPOL.
Ufa, a vida dá sinais...não acham?