19 de nov. de 2010

Seria um triângulo de bermudas?


Zé Prettin, filho mais novo do tio João, não se conteve e aprontou uma das suas. Devido a um compromisso profissional, não poderia acompanhar o grupo de amigos à Praia da Ferrugem no feriadão da Independência. Por 40 dias, mobilizou, convocou, seduziu e conclamou a galera para a tal viagem.  No período referido estaria em Minas Gerais acompanhando uma maratona local, cuja organização era da empresa que prestava serviços. A prova ocorreria no meio do feriado e ELE perderia 2 dias em solo mineiro, quando gostaria de estar nas terras catarinenses e não valeria a pena viajar à Santa Catarina por curto período. Não acham? Ele não achou.
Embarcou num avião, desceu no aeroporto de Florianópolis e seguiu para rodoviária local e partiu  direto para a Praia da Ferrugem, ao encontro dos amigos, da batucada, dos banhos de praia e da bela e loiríssima  Melissa.
Ao chegar na pousada da galera, procurou alguém que pudesse emprestar uma bermuda ou um calção mais confortável. Não encontrou ninguém. Neste momento passou pela recepção o seu Otavinho – o gordo, alegre e bonachão motorista do ônibus da delegação. Zé Prettin não teve dúvidas e pediu emprestada uma roupa de verão ao velho parceiro de viagem.
Infelizmente, os amigos tinham uma pequena diferença – um pesava 75kg(Zé Prettin)  e o outro o mais velho, 102kg. Problema para o nosso “playba brazuca”?? Que nada. O cara subiu para o quarto, meteu uma cordinha na bermuda jeans (ajustando a cintura), protetor solar, o rayban bacana, passou a mão na garrafa de vodka  e se “foi às areias” da Ferrugem. Até os dias de hoje as fotos daquela ocasião ocupam os primeiros lugares no acesso ao Orkut da galera. Como diz  Miguel, o japonesinho da turma: “Esse Prettin, não tem mais jeito, né? Levou para casa até a bermuda do homi na volta da viagem”.

18 de nov. de 2010

A fé move montanhas







Conta dona Morena que, o biscateiro e pintor nas horas de “folga” Arlindinho era um sujeito extrovertido, agradável e bem humorado, mas “ligeiramente” metido a esperto. Pois, certa ocasião, de olho no coração da “Tiçoca”, como era conhecida a Cristal Maria, passista da escola de samba do bairro, passou a freqüentar a Igreja Evangélica defronte à pracinha. A loirinha “boa de samba no pé” abandonara o Carnaval para atender o CHAMADO do SENHOR, trocando o pequenino biquíni de lantejoulas por saias de comprimento longo e cabelos sem cortes.
Arlindinho não a acompanhava, porém estava sempre perto da moça a cortejá-la e apresentar  sua companhia. Enquanto ELA o convidava para prestigiar o culto, o moço a provocava  a  ir à roda de samba ou até mesmo comer algum lanche no quiosque do tio Milton. Tanto insistiu que, a bela e, agora recatada Tiçoca, fez-lhe uma proposta: “Se tu me acompanhares   no culto especial do próximo  domingo, aceito teu convite para tomarmos um refrigerante e comermos alguma coisa no quiosque. Topas? – propôs a moça. Sem titubear, o malandro aceitou na hora. Tinha uma semana para arrumar um “bico” e reservar algum para a função com “sua querida”.
Infelizmente, a semana passou muito depressa e não apareceu nenhuma oportunidade de aumentar a grana disponível na carteira do rapaz. Chegou o domingo e como não poderia perder a oportunidade  lá estava  Arlindinho ocupando os primeiros lugares do templo, bem pertinho da Tiçoca, digo, irmã Cristal. No meio do culto, entre orações e louvores, surgiu diante do moço o “cesto de doações”. O Arlindinho sacou de seu bolso sua única nota( de R$2,00), olhou para os lados e não percebendo vigilancia de lado algum,  substituiu-a por uma de R$20,00. O propósito era justamente “defender”  a grana do  lanche do casal. Ninguém percebeu o gesto do ágil Arlindo.
Ao final do culto, na saída do templo o casal foi abordado por dois senhores bem apessoados, de porte físico avantajado, bem trajados (um deles carregava uma pequena bíblia numa das mãos) que disseram o seguinte: “Irmã Cristal, por favor, o pastor lhe aguarda na secretaria para combinarem a agenda da semana”. O Arlindinho resolveu acompanhá-la porém, foi impedido quando um dos senhores, de forma firme e forte,  o pegou pelo braço anunciando: “O senhor  não esqueceu nada no dia de hoje, irmão?” . O moço respondeu negativamente. O homem  do terno escuro, além de não soltar seu braço, apertou mais um pouco. “Tem certeza, meu senhor”- afirmou ELE. Nesse momento, seu colega de terno escuro aproximou-se, segurando-o pelo outro braço. Arlindinho, sem muito tempo para pensar, lembrou rapidamente do cesto da doação. Solicitou quase que, instantaneamente, o tal cesto e nele depositou os R$20,00(!).  Demonstrando gratidão e devoção, os senhores de ternos escuros foram soltando seus braços, agradecendo e afastando-se lentamente de Arlindo.   
Passados quinze minutos, do ocorrido, a irmã Cristal ou Tiçoca (como desejarem) retornou e encontrou o Arlindinho com um semblante entristecido. Foi logo desculpando-se e o convidando para irem ao quiosque do seu Milton. O moço completamente “empobrecido”, pois até os R$2,00 – filho único – haviam sido doados à causa religiosa, decidiu transferir o passeio combinado. Afirmou por fim que, acreditava na aceitação de um novo convite pois não tinha dúvidas que, “a fé move montanhas”. Se não move, pelo menos movimenta as pessoas, de ternos escuros, principalmente.
Arlindinho continua acreditando na existência de uma força superior, porém até hoje não descobriu como e por quem foi flagrado nos primeiros movimentos com o cesto de doação? E a irmã Cristal? Foi transferida. Está evangelizando na região metropolitana da cidade e dificilmente é vista no bairro onde mora.

Passinho para cá, passinho para lá



Tia Cenira nos conta que, estava bailando no Prontidão com sua cara metade, dr. Totonho, quando presenciou uma cena tragicômica no meio do salão. Noite quente de sábado, o grupo Mr. Funk e seus metais afinados  apresentavam uma seleção de swing e samba rock para ninguém botar defeito. Um dos seus vocalistas, o virtuoso Bira Mattos interpretava um “Bebetão”, direto  dos  anos  90.
Animados casais tomavam conta da pista, quando o Alberto Quadros – o Marrom, surgiu todo exibido com seus sapatos bicolores e seu terno bem cortado para “incendiar” o salão. “Nego marrento”, diziam alguns. “Gigolô e pobretão” diziam outros. “Estiloso”, afirmavam os amigos. Enfim, a verdade era que o sujeito nunca teve uma carteira de trabalho assinada, dormia todas as manhãs e era sempre visto em boas companhias femininas, perfumado e vestindo  roupas de marca. Esse era o perfil do moço.
Naquela noite  estacionou, de qualquer jeito, defronte ao clube  o carro importado da “nova namorada  do dia”, desceu já de mãos dadas. Exigiu mesa reservada junto à pista de dança, chamou o garçom, pediu uísque e tábua de frios. Maior arrogância. A  banda dava inicio aos primeiros acordes e lá estava ele (acompanhado da nova namorada) a rodopiar pelo salão, fazendo movimentos coreografados e sorrindo para TODAS as mulheres da festa. E quanto aos homens do baile? O "Marrom" não dava a mínima importância.
Em meio a um desses movimentos, de paradinhas e giros improvisados, o “bacana” abriu demais as pernas e suas calças rasgaram-se completamente. Seu terno, estilo europeu, parecia-se depois do acidente, uma fantasia de alguma tribo em dia de chuva. Totalmente em retalhos.
Com as cuecas completamente à mostra não teve outra solução, a não ser sair em disparada, sem pagar as despesas da noite, inclusive. Voltando na segunda-feira, com uma outra calça obviamente, para acertar a conta que ficou suspensa.
 Aquela noite deve ter sido inesquecível, pois o "pé de valsa" nunca mais foi visto no “Pronti”.  Dizem, alguns que, ELE tem dançado em Novo Hamburgo, Santa Cruz ou em Pelotas, onde conheceu sua mais recente paixão.