19 de out. de 2016

Longevidade do samba - Sambas da atualidade


  • Quando o grande e iluminado Candeia, em seu samba “Testamento de partideiro” anunciava que “... o sambista não precisa ser membro da academia...e sim ser natural com sua poesia e o povo lhe faz imortal” não havia exageros. Com toda razão afirmava o que as diferentes rodas de samba pelo Brasil anunciavam. Pra sambar é preciso ter alma, colocar o coração a serviço do gingado e da poesia.
  • Com o Carlinhos Presidente, compositor e sambista, a experiência não foi diferente. Ainda na adolescência, costumava reunir os amigos na laje da casa de seus pais, no Jardim Botânico, tradicional bairro em Porto Alegre, para animadas rodas de samba que varavam as madrugadas. Inicialmente, menino costumava ouvir na companhia dos adultos de sua casa os discos de vinil de sambistas consagrados como Jamelão, Noite Ilustrada, Beth Carvalho, Clementina de Jesus, Cartola, João Nogueira e outros tantos.
  • Em meio ao convívio e aprendizado com sambistas mais experientes, Carlinhos Presidente foi aproximando-se do pandeiro, apresentado por um amigo e  conhecendo uma outra forma de “respirar samba”. E bebendo direto da fonte  foi se moldando na direção de um sambista popular que sonhava ser um dia. Assim com novos desafios, diferentes pesquisas e um aprofundamento nos variados estilos de samba o ousado sambista foi conquistando seu espaço. Um dia no partido alto, outro no samba de terreiro. Em outros momentos, no samba dolente, no de raiz, alternando sambas irreverentes com composições de cunho social, o sambista com sua voz diferenciada, seu bom humor e seu timbre peculiar foi percorrendo diferentes rodas de samba pelo Brasil afora. Convicto de que estando cercado de pessoas de diferentes espaços, com cara e jeito brasileiro, com a energia do samba pairando no ar não demoraria a aproximar-se cada vez mais do ritmo do povo.
  • Caminhávamos por uma famosa rua de Porto Alegre, em meio a conversas sobre o cenário nacional do samba, quando seu telefone tocou. Era uma ligação direta do Rio de Janeiro. Do outro lado da linha era ninguém menos do que o produtor e arranjador carioca Milton Manhaes que, anunciava e confirmava o "time de grife" que acompanharia seu novo trabalho. O Carlinhos Presidente me perguntou: "Edinho, tu conheces o trabalho do cavaquinhista Márcio Hulk? Beloba e Marquinhos Diniz (filho do Monarco e irmão do Mauro)? Do Ivan Paulo, famoso arranjador brasileiro?  E do Adilson Ribeiro e do Renato Santos (Renato da Rocinha)? Todos "monstros". Respondi "na lata".
  • Pois, foi com este time de  "números baixos" e mais alguns virtuosos sambistas do Centro do País que, nasceu o mais recente trabalho que tem o título "Sambista do povo". Quer conhecer o resultado e dar um abraço no "Presidente"?
  • Apareça no Teatro do Sesc - no Centro de Porto Alegre, no dia 12/11/2016, sábado. A função tem acesso liberado e limitado (senhas distribuídas uma hora antes do espetáculo) e será apresentado em dois momentos: o primeiro às 17h30min e o outro às 20h.
  • Queria ir nos dois, mas como sou simpático ao compartilhamento de saberes, música e arte IREI no primeiro para garantir lugar na fila.
  • Como dizia Candeia: “...Quem rezar por mim que o faça sambando, na paz do Senhor...” e deverá ser desta maneira que, o samba do Carlinhos Presidente - o sambista do povo -  ecoará nos pagodes e nas rodas.
    • Vida longa, ao samba do Presidente!
  •                            Edinho Silvaradialista, blogueiro(armazemdoseubrasil.blogspot.com) e pesquisador de cultura popular