11 de jan. de 2018

Quando o coração aperta?? Saudades...ora!




          Posentão...

         Francamente, não lembro os dias das "passagens" dos meus pais, seu Edison "Baixinho" e dona Carminha. Tristeza pura. Então prefiro ficar com as lembranças boas, entre estas, as comemorações de seus aniversários - dia 04/09 DELE e 11/01 DELA.
     Nestes dias NÓS que continuamos deste lado, choramos, sorrimos, celebramos, oramos, recordamos, escrevemos, nos emocionamos, comemos "de montão", bebemos um pouco, transgredimos, afagamos e outras tantas coisas que um ser humano pode simbolizar em coisas bacanas. 
        Cada um a seu modo, EU e meus dois irmãos, manifesta-se a seu modo sem perder a "doçura" que nos foi oferecida enquanto estivemos todos juntos. As lembranças são muitas e caso decidisse relatar em postagens ocuparia muitas páginas. Destaco algumas delas, entre estas, algumas relacionadas ao Natal.
         Sempre viva na minha memória, lembro do meu pai nos primeiros dias de dezembro chegar em casa com um galho grande de pessegueiro (em muito casos) e uma lata de tinta vazia nas mãos. Residindo numa casa simples de madeira, de 3 cômodos e banheiro fora, iniciávamos os preparativos natalinos bem cedinho. Minha mãe, sempre de forma silenciosa, foi uma pessoa muito atenta e criativa. Isto mesmo...Ambos com limitações de educação formal, conseguiam nos transferir conhecimentos e saberes capazes de contribuir muito na nossa formação como PESSOA.
        Meu pai, marceneiro dos bons, olhava uma modelo de móvel numa revista ou ouvia a idéia de algum arquiteto e em poucos dias entregava a encomenda pronta. ELA, minha mãe e aniversariante do dia, muito antes dos "Masterchef da vida", da Ana Maria Braga e das fórmulas mágicas propostas para que as crianças provem e comam todos os alimentos oferecidos era "craque" na maquiagem e apresentação dos pratos. Se hoje, SOMOS CHATOS, na hora da refeição foi porque o Mundo moderno nos transformou. Na minha casa simples, uma salada ou até mesmo um chuchu "sem graça" tinha um apelo sedutor. A "Minha" era xarope!! Sem requinte, pois as condições não permitiam, mas muita criatividade e ousadia.
        Putz!! Estava falando do Natal, né?? Pois, a dona Carminha revestia a lata de tinta com papel de presente (geralmente vermelho - Olha a Coca-Cola aí gente!!!) e a enchia com terra do pequeno quintal  de nossa casa. O passo seguinte era passar um cal (não havia tinta disponível) no galho do pessegueiro e enterrar na lata de tinta. Próximo passo seria decorá-la com as bolinhas de Natal, algodão, caixinhas de fósforo revestidas de papel de presente e partir para a decoração. Juntar cartões de Natal (velhos e bons tempos que tínhamos a caligrafia das pessoas na companhia da gente).
E os presentes da tal árvore?? Como disse no início, a grana era curta, mas árvore decente merece ter pacotes de presentes a seus "pés". Como fazer?? Pergunte à dona Carminha...Forrava caixas de medicamentos vazias, de sapatos, latas de conservas e estruturava um cenário natalino bem bonito.           Tinha presépio?? Claro. A manjedoura com capim seco, os reis magos feitos com soldados plásticos doados ao longo do ano. Os bichos eram produzidos na criatividade também. O gado e alguns outros partiam de frutos de um mamoneiro com as pernas de palito de fósforo. Estrela no topo da árvore seca, também não poderia faltar...E não faltava.
          E a mesa no dia de Natal?? EU ainda, não tive a oportunidade de comer em algum hotel chique e, tampouco, viajar num Cruzeiro, porém alguns livros, imagens de revistas e a criatividade da Dona Carminha com seu conhecimento empírico, criatividade e disposição em oferecer SEMPRE o melhor para sua familia "arrebentava" na produção. As bebidas nem lembro, mas e os pratos?? Nossa!!!                 Nada chique (o orçamento não dava), porém a apresentação era para encantar os olhos. Lembram que referi a limitação de grandes estudos?? Os especialistas costumam afirmar que os "olhares chegam primeiro nos manjares". Era isso que acontecia...  
          Acho que escrevi demais, né??
        Azar! Tenho saudade DELA e DELE...enquanto escrevo, choro, recordo e agradeço a quem me deu a honra de compartilhar um pedaço da minha vida tão legal que EU JAMAIS ESQUECEREI.
         A certeza do reencontro conforta?? Sei lá...a gente escreve, a gente quer acreditar nisso ou nos fizeram acreditar nisso. O fato é que SAUDADE É COISA DE GENTE GRANDE. Não é pra fracos!!
        Se sou EDINHO, é por tua causa seu "Baixinho". Se sou SILVA é para não te esquecer, Dona CARMINHA. Muito obrigado, Carlão e Xú que me presentearam com este apelido que permite lembrar dos meus pais sempre quando alguém me chama.
Onde quer que estejam, queria que soubessem que mesmos diferentes, cada um com seu jeito, humores e rancores, teus filhos resultaram "COISAS POSITIVAS" e sempre que podem expressam através de abraços como registrado na foto todo o respeito, afeto e paixão.
Amorosamente,

Teu filho, Edinho Silva