31 de ago. de 2017

Não tenha medo de ENCRUZILHADAS!! Algumas fazem bem para a alma

                    
 
                    Dos muitos movimentos culturais existentes na Cidade de Porto Alegre, em ambientes fechados, abertos, requintados, simples. Em espaços modestos, outros em locais cult, numa cenografia que nos remeta a lugares que nos faça lembrar de boemia, gente trabalhadora, artistas, agitadores e "brigadores" por justiça social e arte das ruas.
                   Assim como os locais podem ser produzidos por uma boa técnica de arquitetura moderna onde a cena vintage ocupa seu espaço, em imponentes móveis com madeira de demolição, gravuras antigas e objetos de decoração do século passado, os músicos e as propostas também podem representar algo completamente diferente da proposta oferecida.
                    Explico melhor: Com as novas tecnologias disponíveis, tornou fácil pesquisar na internet sambas antológicos como composição de Pixinguinha, Aniceto, Cartola, Noel Rosa, Cyro Monteiro  e tantos outros. Basta olhares atentos e algum tempo disponível para termos um "cardápio variado" de composições clássicas e populares.
                  "Tá, Edinho Silva, por que a abordagem inicial para falar da ENCRUZILHADA DO SAMBA?? Simples. O violão do Diego Silva, o cavaco do Luiz Cabreira e a percussão geral do Márcio Sobrosa e da Luciana e todas as pessoas que juntam-se à proposta sabem exatamente em que direção caminhar. Ao encontro da arte, da consciência política, da justiça social, da reunião de pessoas, da alegria, dos ritmos, da batucada...nem sei muito bem. A certeza é de que, o comprometimento com a boa e democrática música brasileira que CONVERSA, INSTRUI e PROMOVE a reflexão constante através de obras autorais de Chico Buarque, João Bosco, Wilson das Neves, Adoniram Barbosa, Lupi, compositores anônimos, conhecidos e tantos compositores brasileiros. Tudo isso na roda de samba?? Sim. Num encontro, onde o mais estudioso e o novato é sempre muito bem vindo. Tá e a internet, onde entra?? Nem sei. Tenho certeza que o disco de vinil e os depoimentos orais constituem-se na base de todo o trabalho. "Tá, explica melhor? Este movimento custa caro?? Sinceramente?? Não tem preço, na minha modesta opinião.
                Começou há  7 meses na escadaria da Borges de Medeiros, a ENCRUZILHADA DO SAMBA arrancou tocando para quem quisesse ouvir e passando o chapéu pra tentar sobreviver. Na maioria das vezes ganhavam trocados, moedas, notas de 2 reais que somadas não pagariam o cachê mínimo de um único músico. Tudo era dividido entre 4 bravos sambistas.
                 Que a construção "a seu modo" da resistência cultural, social e política num Brasil tão cinzento se PERPETUE ou se mantenha por muito tempo viabilizando o acesso à cultura, arte e ao lazer, fortalecendo a luta por um país mais igual, justo e tolerante.
                Que o SOL brilhe em suas janelas mesmo no mais intenso e rigoroso inverno. Se a causa é nobre como a ação útil à Sociedade como não APLAUDIR DE PÉ e ajudar a difundir o movimento. Difícil. Quase impossível para alguém que compartilha os sentimentos e conceitos de um mundo de melhores e maiores oportunidades de educação e sintonia com a própria História do povo brasileiro. 
               Tamo junto,
 
Edinho Silva 
 

E o sheik chegou na festa..."To fora!!"




                    Carlinhos, recentemente separado da nega Jurema, decidiu invadir a  noite. Com dinheiro no bolso, camisa nova buscou a companhia do parceiro Manuel o mais "vira-latas" de todos os amigos para percorrer casas noturnas, boates, "conventos" e tudo que simbolizassem MEDO, LUXÚRIA, PRAZER E OUSADIA.
                    Depois de muitas voltas e muita bebida pelo corpo pararam dentro da uma casa noturna conhecida como "BOURDÔ Club". Noite agitada e embalada pelo título de "A noite do escocês", muita dança, gente seminu e uísque liberado em todo tempo da festa. Beijos e afagos para todos os lados, meia luz e a sensação de "não pertencimento" entre as pessoas. A Sodoma e Gomorra que o Carlinhos queria neste atual momento de separação dos 20 anos de prisão, digo casamento. 
                   No  meio do salão uma mesa, que fazia as vezes de um pequeno palco. Homens e mulheres caracterizados apresentavam-se em performances inesquecíveis; era Mulher Maravilha, Batman, enfermeiros, fadas, rolava de tudo. Diferentes fantasias. Eis que surge, o SHEIK!! Sujeito de quase dois metros de altura, com vestes brancas e muita ginga no corpo. Depois de um grito, subiu na mesa para dançar. A música continuava alta.
                   O moço dançava em movimentos esquisitos, mas a massa aprovava seu gingado. Repentinamente, ELE deu um salto e prendeu suas duas mãos nas colunas que sustentavam o Club e impulsionou seu corpo para trás e para frente. Diante dos olhos do Carlinhos e do Manuel. A roupa do artista abriu-se e a dupla de amigos, viu as vestes brancas abrindo-se e os "documentos do moço" balançando na direção dos amigos.
                  Festa encerrada. O Carlinhos puxou o Manoel pelo braço e saiu pela porta procurando um táxi. Esbravejando em voz alta: "Bah! O cara sai pra noite para tomar umas biritas e os magrãos não respeitam? Vai esfregar o "réptil" na cara da tua mãe, Sheik do carai..."