30 de ago. de 2011

A fraqueza das aves


                 
                Badalado grupo de samba de Porto Alegre decidiu dar novos rumos à sua carreira artística. Novos instrumentos foram comprados, o repertório reformulado, uma “mexida” no figurino, novo produtor. Só faltava um detalhe  para alavancar o grupo. Uma boa dose de energia positiva e nisso a dona Lindinha, mãe de santo de confiança da turma, daria um jeito. Um bom banho de descarga e algumas aves seriam suficientes.
                 Combinado os detalhes, o sexteto sambista rumou para o terreiro no dia marcado. Com os instrumentos, a fé, os produtos e as aves encomendadas. A mãe Lindinha pediu aos moços 3 galos (dois pretos e um vermelho).  Já no interior do quarto de santo, espaço reservado para as atividades  religiosas, os moços perfilados, lado a lado, aguardavam que mãe de santo passasse sobre a cabeça de cada um deles as aves solicitadas.
               O nego Lucinho, pandeirista dos bons, e o último a chegar no grupo estava na ponta da fila e seria o primeiro a receber o passe especial. Quando a ave, ainda viva, foi erguida sobre a cabeça do cara, deu um grito e caiu duro, com o pescoço quebrado e mortinha. Susto geral. Mãe  Lindinha não se intimidou e pegou outro galo para recomeçar o processo. Novamente, o Lucinho foi o primeirão a receber  o passe. Incrivelmente, a outra ave também caiu durinha com o pescoço para o lado.
             Desta vez assustada, mãe Lindinha pediu licença aos presentes e foi para outra sala. Passados 30 minutos, a senhora retornou com um semblante sério e convidou os sambistas a retornarem numa outra data. Com outras aves vivas, em substituição às que morreram. O Lucinho, curioso perguntou se havia algo errado no ato. A mãe de santo, imediatamente, respondeu: “Com o grupo nada, porém contigo...precisamos fazer algumas coisinhas”. “O que faremos?”  perguntou  o moço. Ih, longa história. Prá começar 2 cabritos, se quiseres continuar sambando por aí sentenciou dona Lindinha. Dona Morena, amiga da Lindinha, disse que o Lucinho levou os animais e por precaução, não toca mais pandeiro, nem ouve samba. Só escuta música nativista.

Dá-lhe, Turi!!


       Há 22 anos conheci um sujeito gentil, generoso, amigo, cordial, talentoso, audacioso e, sobretudo, colorado. Esta última qualidade(?) nos mantinha próximo, pois sempre gostei de conviver com as diferenças e o moço integrava um grupo de rubros parceiros. Seu pai, o sr. Nelson Silva, é autor do hino do Sport Club Internacional, inclusive. Segundo ELE, era difícil não vibrar com Enio Andrade, Falcão, Batista, Dunga, Fernandão, Gabiru, Damião, Taffarel, Pinga e outros tantos que passaram pela Padre Cacique. Já estava na genética do cara, a tal identificação vermelha.
      Pois, este publicitário de sucesso no seu ramo profissional, amante de uma boa música negra brasileira era um dos responsáveis em produzir, no anos 90, os panfletos (hoje,  flyers) das festas blacks de Porto Alegre.        
     Semanalmente, a "famosa" esquina democrática era invadida por informações reproduzidas em papel xerox. Não havia quem não ficassem contagiado pelos textos e pelos eventos produzidos pelo moço. Atualmente, em meio a uma agenda super lotada de compromissos profissionais e familiares, encontrou disposição e talento para retomar as "inesquecíveis produções dançantes". 
Então tá!! Não quer sossegar??  Então, entra em campo, grande Turi.  
Meu carinho e meu abraço,

Edinho Silva