28 de mar. de 2012

Jorge Aragão x cervejas na conta alheia




                    Era inicio do mês de dezembro e o verão já se anunciava. Um grupo de amigos, funcionários públicos estaduais, entre eles o João do Brasil, organizaram uma excursão à cidade de Rio Grande para a disputa de uma partida de futebol e uma roda de samba.
Num total de 30 pessoas - alguns comportados, outros "moleques", uns sérios e outros desordeiros, enfim, gente do bem com espírito juvenil. Logo no primeiro desembarque, já em Rio Grande, para o devido reabastecimento das bebidas (afinal, comer para que??), o samba correu solto. Os integrantes da excursão, casais, solteiros e solteiras, sambavam e cantavam na maior euforia. Os adeptos a uma gelada, aproveitavam a parada para tomar mais algumas. Enfim, alegria geral.
                      O recatado Leonardo - o Leozinho Batucada, ligeiro como ele só, ao dirigir-se para o banheiro ouviu dois senhores bem vestidos conversando num dos corredores do restaurante/paradouro sobre a discografia do Jorge Aragão. O Leozinho ao voltar para a mesa da roda de samba e ávido por mais algumas geladas na conta alheia, puxou pelo braço o Carlinhos do cavaco, o gogó do grupo, e confidenciou o que havia ouvido dos senhores. Sim. Acreditem!! O danado queria sensibilizar os "doutores" a pagar mais algumas.
                       E não é que o Carlinhos entrou na dele. Arrancou com "Alvará", emendou com "Enredo do meu samba", "Coisinha do pai" e foi cantando, enquanto os senhores bacanas aproximavam-se do samba. E o esperto do Leozinho, arredou duas cadeiras e acolheu os "convidados especiais" pescados pelo esperto. Um deles, dr. Romeu, o mais animado, funcionário do Ministério da Fazenda aposentado, perguntou ao moço sobre a grata coincidência que presenciou. Um grupo de sambistas executar justamente o compositor que ELE e seu amigo mais gostavam. O esperto Leozinho não só reforçou a coincidência, como disse que o grupo inteiro AMAVA o Jorge Aragão. O dr. Romeu chamou o garçon e bancou cerveja. Ouvia um samba, pedia uma meia dúzia. Ouvia outro, seu parceiro bancava outra meia dúzia. Assim a continuidade da excursão foi retardada, os amigos felizes, o Leozinho completamente embriagado e o Carlinhos até hoje, nunca mais cantou qualquer música do Jorge Aragão. Por que?? O tio João do Brasil, desafia - " Experimenta cantar o mesmo artista por duas horas ininterruptas?? Nem pagando, né??
                    Pois, o Carlinhos do cavaco, tocou inúmeras vezes a "Ave Maria", pedindo baixinho para dupla de convidados irem embora e o chato do Leozinho parar de pedir cerveja na conta alheia. 

27 de mar. de 2012

Jornal de vizinho

                 Ricardinho adora uma leitura pode ser uma boa revista, um livro da moda ou um jornal do dia. Bah!! Um jornal fresquinho é com ELE mesmo. E se for de graça então?  Nem se fala. Pois, o moço, pagodeiro de quatro pandeiros, começava sua semana de samba na quinta-feira. Direto até domingo. Nas sextas-feiras  e nos sábados voltava para casa ao nascer do dia, com um pãozinho debaixo do braço e cheio de geladas na cabeça.
                    Pois, numa destas noitadas de final de semana, o Ricardinho “bem turbinadinho”  ao chegar em casa avistou o jornal do vizinho na porta. Acho que, não comentei sobre isso - O moço não gostava muito de gastar nas tais leituras . Respirou fundo e passou a mão no jornal do vizinho, o mais rabugento do prédio, diga-se de passagem. Como era muito cedo (6h da manhã) o cara de pau, nem titubeou. Passou a mão no jornal do vizinho assinante.
                 Entrou no seu apartamento, tomou um cafezinho e foi deitar-se. O sono demorou algo mais de uma hora. A campanhia tocou forte. O Ricardinho nem moveu-se da cama, abriu um olho e o outro manteve fechado. Lá pelas 8h, novos toques na campanhia. Era o vizinho. Às 9h30min, mais toques e desta vez, insistentes e furiosos. Resolveu atender e abrir a porta. Cheio de sono, bafo de cerveja, de cuecas samba canção e cara de poucos amigos.
                  O vizinho com uma expressão mais furiosa ainda, com cara de poucos amigos foi incisivo: “Não quero nada com o senhor, nem sua amizade, seu sorriso, seu cumprimento APENAS MEU JORNAL  DE VOLTA !!! SE NÃO QUER DEVOLVER PELO MENOS EMPRESTA, PÔ!!! Pois, não é que o vizinho tinha espiado pelo olho mágico o Ricardinho “descuidando” seu jornal??
                Completamente, desconcertado devolveu e evita até hoje reunião de condomínio quando descobre que o seu Anacleto, o aposentado ranzinza está presente. Pelo menos, o Zé Prettin nunca o viu por lá.