22 de dez. de 2010

Cem laranjas ou sem laranjas?



Tia Cenira nos conta que, seu compadre Leandrinho preparou uma das suas para a comadre Betina no último Natal. A dona de casa e cozinheira de mão cheia iniciava os preparativos  para a ceia de Natal da família, quando convocou o maridão para comprar as frutas no Mercado Público no centro da Cidade.
Antes de comprar as frutas, Leandrinho resolveu dar um passeio dentro do Mercadão e lá, encontrou seu velho amigo dos tempos de colégio, o Hugo Fumaça – o pagodeiro da turma. Pra matar a saudade e dar umas boas gargalhadas decidiram tomar uns chopps no Chalé da Praça XV. O garçom ia trazendo canecos e mais canecos de chopp e a tarde ia avançando. Sem perceber  o tempo passar, muito chopp foi consumido.
Foram muitos canecos ingeridos até o Leandrinho encaminhar-se para a seção das frutas e escolher as laranjas, os abacaxis, as ameixas, morangos, maçãs e todos os ingredientes encomendados pela comadre Betina. “Ligeiramente alcoolizado”, o moço embarcou numa lotação e dirigiu-se para casa. Bem acomodado numa poltrona do fundão do veículo, ajeitou as sacolas entre as pernas e deu início a um cochilo pós chopp.
Não só adormeceu no trajeto, como perdeu a parada de desembarque. Ao acordar, sobressaltado, não percebeu que a sacola das laranjas havia rasgado e as  mesmas haviam percorrido todo o corredor da lotação.  Muita semelhança a uma pista de boliche.
Pagou a passagem e desceu  apressado na direção de casa. Ao chegar,  foi recebido pela enfurecida comadre Betina que foi logo solicitando as laranjas para a produção do pudim especial de Natal. Uma promessa de sobremesa diferente  à toda a família. Infelizmente, não rolou. Aliás, o que rolou na lotação foram as laranjas.
Tia Cenira conta que, de tão furiosa pelo descaso e bafo de trago do Leandrinho, a comadre Betina apanhou uma lata de pêssego e uma caixinha de creme de leite e levou para o jantar de Natal. E a salada de frutas? Fiicou sem a vitamina C das laranjas, apenas com o colorido do suco de pacote.

21 de dez. de 2010

Almoço de domingo

Tio João do Brasil nos conta que, numa movimentada comunidade da Cohab de Porto Alegre, havia um sujeito muito distraído nas suas tarefas domésticas (digo, de agrado da nega véia). O moço chamava-se Jaiminho, bom de violão, passista dos Acadêmicos da Orgia nos anos 80, atencioso nos carinhos e caprichos da sua mulher, dona Samanta.
Pois, segundo tio João, o moço disse à mulher que o almoço de domingo seria responsabilidade dele, não havendo a necessidade dela esquentar a barriga no fogão e cozinhar. Próximo ao seu bloco de apartamentos existia uma mercearia que, assava frangos nos finais de semana e servia salada.
Chegou o domingão e o Jaiminho acordou cedo, mas ao contrário de correr à mercearia do Seu Manolo, e reservar o galináceo e a “saladita”, se abancou defronte à tv e ficou assistindo à reprise do jogo do Internacional. Na metade do jogo foi alertado pela patroa sobre o horário e a encomenda da comida, pois a hora do almoço se aproximava. Nem deu importância aos avisos e ainda preparou uma caipirinha. O tempo voou e descansadamente o moço foi dirigindo-se até à mercearia pegar o galeto e as guarnições. Putz, por pouco não chega atrasado. Sorte sua que, restava ainda um frango assado (pequeno e frio, mas o último). Apanhou a mercadoria, pagou no caixa e partiu em direção à sua casa. Na pressa não percebeu que, a sacola plástica não era muito confiável. A poucos metros de casa, exatamente, 500, o fundo da sacola abriu-se e o frango saiu rolando rua fora. A tristeza do Jaiminho não seria tão grande se alguns cachorros que passavam na hora não tivessem percebido a iguaria. Nem briga houve, eram 4 cães que, dividiram-se entre a salada e o frango. Na polenta frita, ELES nem tocaram.
Extremamente aborrecido, o violonista Jaiminho entrou direto na casa e dirigiu-se à cristaleira onde guardava o dinheiro da conta de luz do mês. Sem perceber os movimentos, dona Samanta foi convidada para almoçar fora naquele domingo.
E ele, além da reza forte, para a Companhia não cortar a luz da família, não tomou nenhuma cervejinha durante o almoço. NENHUMA.  

Bolinhas brancas

                    

            Tia Morena nos conta que, sua amiga Margarete, assistente social de um popular hospital de Porto Alegre, pagou o maior mico num restaurante chique de Porto Alegre na última semana. Convidada pelo novo namorado a sair com alguns casais para jantarem num restaurante bacana e depois conhecer algum espaço de samba da cidade (Margarete conhecia TODAS as rodas de samba de Porto Alegre), a mulata perdeu a classe e a compostura quando viu na sua frente os pratos de entrada que foram servidos à mesa.
                  No horário e  no local marcado, estava o grupo reunido, homens e mulheres bem vestidos, perfumados e felizes. Sentaram todos na mesa reservada e foram prontamente atendidos pelo solícito garçom que sugeriu bebidas e comidas. Ao servir as entradas, torradinhas ao pesto, bolinhas de manteiga e iscas de filé, o chef do restaurante recomendou que comessem lentamente para perceber o gosto apurado dos pratos. A desatenta Margarete, só percebeu que o pratinho com as bolinhas de manteiga estavam na sua frente, quando pegou com o garfo, duas bolinhas e colocou direto na boca. Sua amiga Rosaura, que estava sentada ao lado da moça perguntou, inclusive, se a parceira gostava tanto de manteiga a ponto de colocar duas bolinhas do produto de origem animal (e cheio de gordura) direto na boca. 
                Margarete, ao ser questionada sobre o conhecimento do alimento não teve coragem de admitir que, havia confundido a manteiga com bolinhas de queijo. E saiu afirmando: “Se EU sabia que era manteiga? É lógico que sim.” – falou com a boca lotada e completamente engraxada.
               O que fazer numa situação desta? Correr para o banheiro, devolver no guardanapo ou mastigar, mastigar, mastigar, ou mastigar.
               A decisão mais correta a Tia Morena não sabe, porém sua amiga Margarete nunca mais comerá nenhum alimento sem observar detalhamente sua composição.