30 de jun. de 2014

No embalo do Brasil, vamos sambar


Se há dúvidas sobre a origem do samba ou se devemos comemorar apenas no seu dia (02 de dezembro), eu tenho outras certezas. Alguns afirmam que o samba é originário da Bahia (século 19) a partir de uma mistura de ritmos africanos. Outros afirmam que foi no Rio de Janeiro, pouco tempo depois. Lá inclusive, registrava-se a gravação do primeiro samba (1917) – "Pelo telefone", uma composição de Mauro de Almeida e Donga. Francamente, acho esta discussão desnecessária por entender e reconhecer a importância do samba no poder de agregação, energia e vibração propostas pela execução, pelas danças e suas cantorias.

Ainda criança ouvia no colo de meu pai, nos finais de semana, o disco de vinil da maranhense Alcione, rodando na velha vitrola o samba "...Não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar..." Numa época em que também fui apresentado aos cariocas Jamelão e Martinho da Vila, dos paulistas Adoniram Barbosa e seus Demônios da Garoa, do gaúcho Lupicinio Rodrigues e de tantos outros nomes clássicos do cancioneiro nacional.

Pois, para nossa sorte o SAMBA não morreu e, tampouco, agoniza. Além disso,mesmo enfrentando narizes torcidos, caras amarradas, perseguições e preconceitos de todas as partes o gênero atravessou gerações. E nas composições de grandes e clássicos compositores como Noel Rosa, Cartola, Mário Lago, Guilherme de Brito, Nelson Cavaquinho, Monarco, Manacéa, Arlindo Cruz, Ivone Lara, Sérgio Meriti e tantos outros podem reforçar ainda mais sua força e seu valor como patrimônio cultural brasileiro. Repleto de histórias e personagens como dona Esther da Portela que, juntamente com seu marido, seu Euzébio tiveram papel importante na idealização da grande escola de samba carioca Portela. De dona Ciata que recebia seus parentes e amigos em deliciosas feijoadas animadas por rodas de samba em sua casa. De histórias como a da formação do grupo musical Fundo de Quintal, sua relação com o Cacique de Ramos, a tamarineira e tudo que foi concebido a partir da concentração dos amigos junto à referida árvore. Do saudoso trio portoalegrense Bedeu, Leleco Teles e Alexandre Rodrigues que na composição "O samba e suas origens" referia instrumentos musicais percussivos, ritos, magias, Zé Pereira e seu surdo original e, sobretudo, os cantos e versos onde se ouve que "o samba não é privilégio e se aprende no Colégio". Pois, é isto mesmo. Exatamente o que penso. Seja nos grandes desfiles de Carnaval Brasil afora, nos condomínios chiques, nos terreiros, nas casas noturnas, nos bares e botecos, em festas particulares, festivais de musica, programas televisivos, emissoras de rádio e nas rodas entre amigos o SAMBA é escrito em letras maiúsculas. Assim como seu povo, considero a cara do Brasil.

Pega o cavaco, o surdo e o pandeiro. Não tem?? Não fique triste, bate na palma da mão e cai no samba com a gente.
 
Edinho Silva
acadêmico de Jornalismo e de Gestão Desportiva e de Lazer, blogueiro, agitador cultural e outras coisitas.


Imagem extraída do site  http://catracalivre.com.br/…ads/2013/06/samba_1.jpg