28 de ago. de 2019

"Samba agoniza mas não morre!" Por acaso esfria? Sim...o meu ficou morno

    Do meu acervo pessoal - Quadra de Bambas da Orgia - Algum 02 de dezembro. O ano? Não importa...a função estava boa demais.

            Posentão...

           Onde o samba nasceu? Na Bahia, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, no Maranhão...Mero detalhe. Por acaso, no Rio Grande do Sul, terra de chamamés, milongas, xotes, churrasco, chimarrão e tradições regionais fortes é possível imaginar uma cena sambista. Lógico que sim. Temos compositores, cantores, ritmistas, intérpretes, de todos os gêneros e idades. E dos bons.
            Fui apresentado a este gênero musical pelos meus pais: seu Baixinho e dona Carminha que com seus discos de vinil de Jamelão, Benito di Paula, Ataulfo Alves, Lupi, Martinho da Vila, Alcione  e tantos outros nomes consagrados no cenário nacional. E as experimentações ao vivo, na fonte, na muvuca de um violão, um cavaco, um surdo e um pandeiro quem me apresentou? MEU IRMÃO Manoel Jeronimo Fraga da Rosa ou como carinhosamente era chamado o Nego Lon, da Vila Floresta, filho da dona Jura e do seu Osvaldo. Irmão do Dadinho, da Neca, da Zete, do Maurinho e tiozão do Marcelo Leandro. Este povo citado esquentava o samba do Centro de Porto Alegre nas sextas-feiras e nos pagodes da Zona Norte. 
             Mas por que esquentava? Acredito que era PURA ENERGIA, afinal o tal SAMBA QUENTE "entrava na mente" e nos requebros do pessoal. Aquecia as disputas da Zona Sul e da Zona Norte. Quem eram os melhores sambistas da Cidade Sorriso? A familia da Vila Floresta nem entrava na discussão. Incendiava o Centro. El Bodegon, Fada, Panela de Barro, Sabor e Cor. O SAMBA esquentava de verdade.
           O tal Nego Lom Samba Quente me pegou pelo braço e me apresentou às rodas de samba em eventos inesquecíveis. Um deles era conhecido como Tarde de Sucessos da MARAVILHOSA RÁDIO PRINCESA. Reuniam-se grupos como Bom Ambiente, Samba Autêntico, Pagode da Kasa e muitos outros. Os comunicadores da emissora e um público fiel que sambava muito nas tarde de sábado. 
         E o Carnaval de Porto Alegre, como chegou até meus olhos e meu coração? Novamente, segurado pela mão fui apresentado pelo LOM à Vila do IAPI, num tempo em que a União da Vila do IAPI e seu trem tricolor partiam da estação da paz chamada AMOVI. Lá fui apresentado à Caco Rabelo, Claudião da Vila, Mestre Sarrinho e a muitos outros bambas do Carnaval. Ficaria tranquilamente, escrevendo muitas linhas para recordar os lugares que percorri na companhia e no olhar atento do meu anfitrião do samba.
         Há três meses, durante uma das muitas conversas que tínhamos sempre sobre Projetos Culturais, atual momento do samba na tribo e no Brasil, o nego Lom comentou sobre seu desejo de escrever sobre a história do Grupo Samba Quente. Acolhi num primeiro momento, mas logo o instiguei com outra desafio. Escreveríamos a "biografia quase não autorizada" do Nego Lom, seus gols perdidos, seus tropeços, seus erros, seus acertos, sua religião, seus amores proibidos, os permitidos, seus conceitos, suas inquietações, nossas divergências (que não eram poucas!) e os tantos momentos em que podemos nos abraçar e "gargalhar para o alto" de alguma gafe entre a irmandade que criamos.
           Infelizmente, sai em viagem profissional e não consegui rabiscar o prefácio do NOSSO LIVRO. Sei lá...tudo é tão rápido e inesperado. Ou seria imaginado, porém nosso egoismo de não nos afastar de quem amamos nos torna pecador? Tem um amigo comum que diz que lembrará do filho de Xangô, da melhor maneira possível...SEMPRE SAMBANDO ou cantando um BOM SAMBA. 
Sinceramente, não sei se consigo encarar dessa maneira. Ou melhor, o SHOW TEM QUE CONTINUAR, né mesmo? Que bom que inventei esta balbúrdia que chamo de Armazém do seu Brasil, meu blog cultural onde escrevo as histórias, meu programa de rádio onde escuto os NOSSOS SAMBAS (aliás, na última vez que estiveste lá em casa, pude te mostrar minhas recentes aquisições: o Jorginho do Império, o Grupo Raça e o Dominguinhos do Estácio).
          O SAMBA por aqui não irá morrer, tenho certeza disso. Nem agonizará, porém no meu coração, na minha alma e no meu peito ELE FICARÁ MORNO. Não será tão QUENTE, como foi um dia...
              Até qualquer hora, "AMIGO MEU..."
           Se EU for falar de tristeza meu tempo não dá...Mas falar dos "leais" tempo todo o tempo do Mundo. Pode até ser masoquismo, mas ouvirei por muito tempo teus áudios e tuas filmagens.
Putz!! Não preciso de cebolas para chorar...descobri outro dia, escrevendo aos meus especiais...