28 de out. de 2010

E agora, José?

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Pois, o inquieto Zeca do surdo, não se contém. Chegou na rodinha dos parceiros, em pleno Mercado Público, e lascou. "Afinal, por que o Exaltasamba toca pagodinho e o Zeca Pagodinho toca samba?? Que doideira, mermão!!" - sentencia ELE.
Jurou que gosta da música dos dois, embora reconheça um valor maior na performance do Péricles. Não consegue acompanhar o estilo nem as interpretações do Thiaguinho. Mas...segundo Zeca, tem gosto pra tudo, coisas do showbussines, né??

27 de out. de 2010

O meu lugar é perto de Santo Antonio - Pagode do Andaraí

           
             Dia desses, ainda no ano de 2004, o tio João do Brasil me contou como conheceu o Pagode do Andaraí, conhecida concentração de amigos do Samuel Guedes, localizada nas proximidades da Igreja Santo Antonio,  tradicional bairro de Porto Alegre.
             No início da função o SAMUKA, como é conhecido por seus mais chegados, reuniu alguns amigos para um churrasquinho, algumas geladas e uma democrática roda de samba. Não imaginava o amigo do Armazém que, a concentração verde e amarela ganhasse a notoriedade que adquiriu.
            Pois, numa tarde de sexta-feira de setembro, Tio João foi até o Mercado Público comprar um peixe fresco para Tianinha preparar uma muqueca. No domingo receberiam alguns amigos de Rio Grande em sua casa. Produtos comprados e temperos selecionados, decidiu tomar um choppinho no Bar Naval. Chegando lá, encontrou seu grande amigo Fabinho e após abraços e cumprimentos entusiasmados rolou o convite para uma chegadinha no Andaraí, no dia seguinte. Curtir um samba legal, tomar umas geladas, reencontrar amigos e beliscar uma costela gorda.
           No sábado, com cavaco afinado, uma peça de maminha debaixo do braço e o Zeca do Surdo a tiracolo, lá se foi João para a já famosa roda de samba. Chegaram perto das 15h e não lembram até hoje, nem em que estado etílico, nem a hora que sairam de lá? O combate foi forte, dizem ELES.
           O movimento, carinhosamente conhecido como Pagode do Andaraí, crescia a cada final de semana, acolhendo amigos, famílias inteiras e sambistas avulsos de todos os cantos da Cidade. Inquietos, Samuka e seus parceiros, além de batucar e se divertir, decidiram realizar ações sociais solidárias – arrecadando produtos de higiene pessoal, material escolar e brinquedos a serem distribuídos em creches comunitárias das vilas e bairros próximos ao ponto de encontro dos amigos do samba.
           Numa destas ações de entrega dos produtos, os amigos João do Brasil e Zeca do Surdo  foram convidados para acompanharem o Samuka e seus fiéis (Juju, Nelsinho da cuíca, Fabinho, Ciro Dupan e Eduardo Cabeça, entre outros amigos do samba e da vida). Eles iriam até a Vila Maria da Conceição, entregar à tia Maria, responsável pela Creche Comunitária Contos de Areia o material arrecadado num movimentado finalde semana no Andaraí.
           Após a entrega dos produtos despediram-se da simpática senhora e "desceram o morro" - como contou tio João. No caminho de volta o grupo adentrou o boteco do tio Miguel para tomarem “umazinha” como disse o Zeca. Ao solicitar três cervejas geladas no balcão,  o líder da turma, o Samuka foi abordado pelo seu Luis Carlos – um nego véio de voz grave, porém calma e envolvente,  que, perguntou ao grupo de onde vinham os amigos que, vestiam camisetas personalizadas (do Pagode do Andaraí). Coitado do tio véio, não dominava as letras (não sabia ler, nem escrever). Imaginava ser algo bem bacana pois, o logotipo do movimento chamava bastante a atenção. Conforme nos relatou tio João, o Samuka e os parceiros do Andaraí explicaram a razão da visita e o que estava escrito nas tais camisetas (Pagode do Andaraí/bairro Santo Antonio/Porto Alegre). Enquanto ouvia as explicações, seu Luis Carlos, emocionava-se e, entre um gole e outro, sugeriu uma batucadinha. Ali, na hora, de improviso, para alegrar os "crientes" do tio Miguel.    Uma turma de senhores que jogava baralho e ouvia o jogo do Grêmio no radinho de pilha. Como fazer se não havia instrumentos a mão? Haviam ficado nos carros. Surgiu de forma inesperada um cavaco com apenas 3 cordas, do filho do tio Toninho. Seu Miguel, dono do buteco, pediu ao neto (Dequinho) que, corresse até a casa do Olavo e apanhasse um pandeiro emprestado. Quando chegou um dos “Andaraís man”, sem cerimônia, apanhou o instrumento e já foi lascando ritmo. O Fabinho improvisou um surdo com um balde de limpeza que estava jogado debaixo de uma das prateleiras do lugar. O  Juju apropriou-se de uma garrafa média de Fanta(para fazer o reco-reco) e estava formada a roda, no maior improviso e na maior emoção. O provocativo, seu Luis Carlos com os olhos marejados puxava os cantos e toda a galera cantava junto. Apresentava Ivone Lara, Nelson Sargento, Cartola, João Nogueira e muita coisa legal.
           Com o samba invadindo a noite, no seu improviso e energia, com bastante cerveja gelada, nacos de mortadela e ovo cozido de vidro(que delícia, hein?),  o tio João, o Zeca do Surdo, o Samuka e seus amigos do Andaraí registraram com seus próprios olhos, as cenas mais marcantes de suas vidas sambistas.
            Os mais entusiasmados, entre eles EU e toda a galera do Armazém, garantimos: o Pagode do Andaraí, do Samuka e sua turma está na "Bolsa de valores do samba" com a mesma cotação das rodas de samba carioca. Lá, nos blocos do Jardim América, até o Santo Antonio, coloca o gurizinho no chão para sambar. Aparece lá, todos os sábados, no meio da tarde!!! 



Alta costura



         Dona Morena nos conta que, sua amiga Sueli Balanço armou a maior confusão com seu namorado, o Fábio em pleno Clube Farrapos, durante um dos famosos Bailes da Teresa.
             Pois, o nego Binho, como era conhecido entre os amigos mais próximos, era um sujeito bacana, boa pinta, securitário, discreto, bom de bola (jogava todos os sábados no campo do Tamandaré, em Petrópolis) recebeu uma encomenda da namorada. O cara viajava muito e numa das idas à São Paulo, levou na bagagem a encomenda de um vestido de grife, direto da avenida Oscar Freire. A Sueli Balanço queria arrebentar no famoso baile.
            A expectativa era grande. Com convites sempre esgotados, os bailes da Teresa mantinham o glamour dos bailes de gala, dos penteados e dos ternos alinhados. A produção das pessoas era um dos pontos altos do evento, que por alguns meses movimentava Porto Alegre.
            Chega o grande dia e a exuberante Sueli Balanço, elegantemente vestida e acompanhado pelo Binho adentrou no salão com a roupa exclusiva, trazida direto do maior reduto de moda da capital paulistana. Sentaram-se à mesa próxima à pista. Em pouco tempo, chega no baile Dona Morena, acompanhada do marido, e sentou-se na mesma mesa da amiga conforme haviam combinado meses antes. O Binho, todo bobo, não quis cobrar a encomenda e presenteou a namorada com o vestido. "Se é para minha mulata ficar nota 10, vale qualquer sacrifício" - dizia ELE. A rainha do requebro como era conhecida Sueli Balanço, vestia um elegante vestido azul, com detalhes prateados, impactante de tão lindo. Exclusividade pura.
           Na medida que as pessoas chegavam à festa, muitos a cumprimentavam pela beleza da peça do vestuário. Tudo isso ocorreu até a chegada da Selminha. Por que? Porque seu vestido era exatamente igual ao da Sueli. Putz, por sorte a amiga sentou com o companheiro do outro lado do salão, bem longe da mesa do Binho, da namorada, de dona Morena e do marido.
           A banda agitava a pista com versões perfeitas do Bebeto, do Branca Di Neve e de outros swingueiros famosos. Era pezinho pra cá, pezinho pra lá. O "Farrapos" era só alegria. Muitas pessoas chegavam na festa ao longo da noite. E num destes grupos, a Rita de Cássia, uma bonitona funcionária do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, que não perdia um “baile da Teresa” ingressou na festa, igualmente bela e exuberante. E o que ELA tinha em comum com as amigas Sueli e a Selminha? Imaginem? Os três vestidos eram exatamente iguais. Como descobriram? No banheiro feminino, enquanto retocavam a maquiagem.
          A Selminha e a Rita sorriram constrangidas, mas a rebolativa Sueli, desandou a chorar. Após a surpresa e frustração, sem coragem de perguntar à alguma das amigas sobre a procedência de seus vestidos correu até a mesa e convidou o Binho para ir embora antes do baile acabar. No melhor estilo Cinderela, despediu-se de dona Morena e do marido e tomou o rumo de casa.
          Durante o trajeto para casa o Binho desconversou, acalmou Sueli, mas não teve coragem de contar à namorada que, ficou sem tempo(?) de comprar a roupa em São Paulo e acabou adquirindo, em 8 parcelas, numa liquidação de uma tradicional loja do Centro de Porto Alegre.
          Enfim, o "amor é lindo, mas a cara de pau", segundo Dona Morena é maior ainda. Não acham??

Lingüiças temperadas

 

           Tio João reuniu dona Tianinha,  alguns parceiros e partiu para o pagode do Areal da Baronesa. Lá curtiriam um samba de qualidade, beberiam cerveja gelada e reencontrariam alguns amigos. Sambaram até à madrugada. Famintos e cheios de “geladas na cuca” partiram na direção de uma churrascaria famosa localizada na av. Praia de Belas que, servia suculentos churrascos a qualquer horário do dia.
                 Neste estabelecimento comercial, havia uma parede de alvenaria que separava o salão principal, os banheiros e um espaço reservado (atualmente, a churrascaria ampliou seu espaço e atende num endereço na esquina, também).
                 Depois de providenciados os pedidos, o grupo de amigos, enquanto batucavam nas mesas, tomavam mais algumas cervejas. Neste momento, o Adãozinho do pandeiro – cheio de drinques – levantou da mesa, discretamente e se encaminhou ao banheiro, localizado atrás da tal parede divisória. Cantarolando um Almir Guineto..”Olha, vamo na dança do Caxambu...lá, lá”, lá se foi o moço dirigindo-se ao banheiro. Empolgado com o samba, nem percebeu a movimentação das pessoas e abriu a bragueta pelo caminho mesmo. Sem pudor algum, com o “instrumento” na mão foi dirigindo-se ao banheiro. Não percebeu nem o som, tampouco as vozes das pessoas que comemoravam Bodas de Ouro de um simpático casal de velhinhos. Familias inteiras estavam reunidas no espaço reservado da churrascaria. A parede de tijolos cobriu "por instantes" a tal confraternização.  
                Maior confusão. Era marido que se posicionava diante de esposa, namorados cobriam os olhos das namoradas, as crianças eram retiradas às pressas do lugar, enfim maior tumulto. Naquele dia, ou melhor, naquela madrugada ninguém comeu churrasco nenhum. TODOS foram expulsos do lugar para acompanhar o Adãozinho.
               E o pandeiro do moço? Foi jogado no meio da av. Praia de Belas, bem pertinho da estação do Corpo de Bombeiros.