25 de jul. de 2022

Mulher negra, tem dia sim...por Indaia Dillenburg

 

                                                                                           ilustração: Raphael Cruz

O 25 de julho é Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de Benguela. É uma data de muitos significados para as mulheres negras. E no Brasil, motivo das mais variadas manifestações e comentários, nem sempre bons. Como sempre.

Apesar de sermos um país em que a população negra é maioria (54%), causa, muitas vezes, estranheza termos um dia para rememorar a luta da mulher negra, já que temos o dia Internacional da mulher. Não, né? Definitivamente, não devia causar estranheza.

Principalmente por vivermos em um país racista. Sim, nosso Brasil é racista. As oportunidades são bem diferentes. Então, vamos reverenciar as iniciativas que nada mais querem do que oportunizar igualdade. Não por querermos ser iguais aos brancos. Mas a igualdade de, mesmo  diferentes, termos as mesmas oportunidades.

Mas não é só no Brasil que a população negra sofre com a discriminação. Sabemos que é da natureza da mulher ver o copo metade cheio. E a mulher negra tem essa característica na potência máxima. Pois já nascemos com o estigma da inferioridade imposta por uma história de perda da identidade, e também de luta e sofrimento.

E a data 25 de julho, tem um porquê. Neste dia, em 1992, um grupo de mulheres negras, com o desejo de reverter os dados estatísticos sempre negativos em relação à população negra, decidiu virar o jogo na busca de soluções, oportunidades, respeito. Do 1° Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas em Santo Domingo, na República Dominicana, nasceu a

Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas. Com isso, por uma mobilização junto à Organização das Nações Unidas (ONU) obtiveram o reconhecimento do dia 25 de julho como o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha.

Anos depois, essa mobilização instigou o Brasil a instituir, também no dia 25 de julho, o Dia Nacional de Tereza de Benguela, líder quilombola, símbolo de resistência e liderança na luta contra a escravização. Tereza de Benguela tem que ser estudada nos bancos escolares.

Tereza de Benguela ou Rainha Tereza como costumava ser chamada, viveu no século XVIII e liderou o Quilombo do Piolho, também conhecido como Quilombo do Quariterê que se localizava entre o rio Guaporé e Cuiabá, capital do Mato Grosso. Sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravização por duas décadas.

Por isso tudo, nós devemos enaltecer essa importante data. Pois é uma data em que as mulheres negras refletem e fortalecem as lutas por uma sociedade, sem querer ser clichê, mais justa.

Relembrando que, desde o início de 2020, em tempos de pandemia, vi tantas Lives falando da questão racial, muitas maravilhosas e elucidativas e outras referendando o racismo institucional, sinto-me feliz por constatar que não há mais volta. É nossa ancestralidade pedindo passagem. Por isso, devemos sim, comemorar. Viva o dia 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra  Latino-Americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de

Benguela.

Observação: Neste dia 25 de julho comemoramos também o dia do escritor. Sinto-me, duplamente contemplada: mulher negra e, modestamente, escritora.

 

Um beijo da Indaiá Dillenburg

 

Texto original publicado na minha página de textos, a Superlativa no Facebook  no dia

14/03/2021.

 


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