24 de out. de 2011

O carinho pelo metal

   



           O talentoso Marcelinho Metal, amigo do peito do Carlito Trovão, era um sujeito muito zeloso, disciplinado e "ligeiramente" possessivo com seu instrumento. Ninguém, nem objeto algum era mais importante do que seu trompete. Constantemente brilhante e bem cuidado "o cara" era armazenado num estojo moderno e inseparável. A Betina, mulher do Marcelinho, não aceitava muito bem o excesso do zelo. Inúmeras vezes discutiu, brigou e protestou exigindo mais atenção em relação ao "adversário". Não tinham filhos, pois segundo ELA, não cuidaria sozinha do herdeiro ou da herdeira. Fraldas, papinhas e educação ficariam sob responsabilidade dela e isto, seria inviável.
Quando não estava tocando, ficava em casa ensaiando o tempo inteiro. Segundo ELE: "A sorte acompanha os que estudam" - afirmava. E a rotina repetia-se o tempo todo. Agenda sempre lotada, não tinha tempo para eventos sociais e familiares. Na verdade, o moço exagerava um pouco. Não tinha Natal, aniversário de tio, reencontro de amigos, festas da firma, datas do casal, etc.
Pois, o Marcelinho foi convidado para um evento na cidade de Uruguaiana, centenas de quilômetros distante de Porto Alegre. Até aí, nada anormal. Afinal o sujeito era bom mesmo, não faltavam convites. O fato novo era de que a data do evento coincidia com o aniversário da sogra, dona Madalena. Estava armada a confusão!!! O sujeito não iria recusar um troquinho e a oportunidade de mostrar seu trabalho.
Chegou o dia esperado e no local combinado com a banda, quase dentro da van o “Metal” lembrou que havia esquecido sua carteira de identidade em casa. Desespero geral, pois sem documento não viajava. Rumaram para casa do cara para apanhar a carteira e depararam com a furiosa Betina, indignada com o marido. Aproveitando o retorno ao lar, o moço foi direto ao banheiro “sujar uma louça” – como costuma dizer. Na ausência dele – o Marcelinho é daqueles que lê um jornal nessas horas - a indignada mulher foi até o estojo do instrumento e só de raiva escondeu o trompete no quarto das crianças. Ao sair, despediu-se da moça e se foi ao concerto na fronteira do Brasil com a Argentina. O Carlito Trovão prefere não comentar o que aconteceu com o moço quando descobriu na passagem de som o que havia ocorrido.
Atualmente, o Marcelinho Metal não perde um evento social familiar e decidiu tocar apenas 2 vezes por semana. E de preferência, bem pertinho de casa para não correr riscos.



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