24 de jul. de 2017

"Onde posso tocar meu cavaco?" - Fragmento 2


                                    imagem extraída: http://www2.sidneyrezende.com/noticia/252183+brinco+da+marquesa+promove+roda+de+samba+neste+sabado

                 Na segunda postagem alusiva ao Armazém do seu Brasil no Programa Nação, da TVE, apresento o Fragmento 2, falando um pouco sobre o que penso e o que conversamos sobre os espaços ocupados por rodas de samba e manifestações populares.
                Com a condução competente da apresentadora e jornalista Fernanda Carvalho, tivemos a oportunidade de "soltar o verbo" sobre onde acontece o samba em Porto Alegre nos dias de hoje. Na nossa roda contávamos com as presenças ilustres do nego Izolino, que nos anos de 1980, na companhia de seus parceiros do grupo Samba Autentico animavam as tardes dos sábados de Porto Alegre. A função tinha a assinatura de uma emissora de rádio da Cidade (Rádio Princesa) e na apresentação nomes conhecidos na cidade - Carlos Alberto Barcelos - o Roxo, Delmar Barbosa, Odir Ferreira, Adoniran e tantos outros. O local onde rolava o samba era a quadra de ensaios da Império da Zona Norte e os grupos presentes traziam nas suas formações experimentados sambistas: Pagode d1Kasa (dos irmãos Dornelles - Gilson, Gilmar e Gegé), Pagode do Dorinho (do Kléber, do Charuto e do Everton Dorneles), Grupo Bom Ambiente e tantos outros.
                Um outro presente na resenha e na nossa mesa do Programa era o Manoel Jeronimo - nego Lom do Samba Quente, que no final dos anos 90 "esquentou" o Centro de Porto Alegre com suas rodas de samba. Quem não lembra do El Bodegon, na Riachuelo? Ou do Panela de Barro, na Marechal Floriano?? Extensas filas formavam-se diante dos bares, semanalmente, às sexta-feiras. Bons tempos.
                O violonista dos "Brasileiros", Rogério Pereira (o Dédo Sete Cordas) também participou de vários grupos sambistas da Cidade e por algum tempo, participou de um chamado "Os quatro do Canto" que animavam um bar na Cidade Baixa (Recanto latino). Uma verdadeira "efervescência" na região. Os outros dois, o Jovani e o Carlos Buiu, mais jovens representavam os novos tempos de roda de samba.
               E o "cascudo", experiente e talentoso, Carlos Delgado, por onde andou?? Putz. Foram tantos os lugares, Carnavais e rodas de samba que o "moço" reúne recordações que marcaram a história do samba de Porto Alegre. Ainda no mês de maio o reencontrei cercado de velhos amigos numa roda de samba famosa pela trajetória e por um de seus idealizadores - o Mestre Irajá. Refiro-me ao movimento cultural de nome "Banda Itinerantes". Com camisetas nas cores amarela e preta, sambas clássicos e populares cantados na voz de homens e mulheres, jovens e velhos o samba corria solto, o braço e os dedos com as poesias de Guineto, Aragão, Nogueira, Candeia e outros tantos no Espaço Cultural do Afrosul ODOMODÊ.
                Resistindo e SAMBANDO mundo afora, também identifica-se iniciativas como as do Coletivo Instituto Brasilidades, Samba do Irajá e tantas outras de grupos e sambistas espalhados.
             Mas afinal, os espaços de samba em Porto Alegre são suficientes para reunir pessoas?? E as oportunidades é oferecidas a todos da mesma forma?? SINCERAMENTE?? Não. Os bares e botecos (nova febre na Cidade) já mantém sua seleta e "fechada" escalação de atrações. Numa "blindagem" muitas vezes injusta. Mas o que fazer?? Afinal, são "combinações" entre os proprietários dos locais e os músicos. Possivelmente, uma das poucas maneiras de propor uma reflexão deveria ser uma iniciativa do público. Como? Cobrando uma versatilidade na agenda dos bares. Em muitos casos, um mesmo grupo toca em diferentes locais na mesma noite. Quem perde com isso?? Nós, clientes. Ou tu acreditas mesmo que o mesmo pandeirista poderá tocar seu instrumento com a mesma disposição nas 3 casas agendadas?? LÓGICO que não. Alguém, sofrerá o "pênalti". ainda não sei se a primeira ou a última casa. Ou seria a do meio que, receberia uma apresentação rápida?? Sei lá...
              E as roda de samba ao ar livre?? Raros são os espaços que conseguem a proeza de reunir sambistas ao ar livre. Não vemos sambas nas praças ou nas calçadas. Os "coletivos" que insistem são espalhados na metade do caminho. A vida é curta mesmo. Ilustro com dois exemplos: o Pagode do Andaraí (no bairro Santo Antônio) e o "Samba do Cachorro" (no Centro Histórico). ambos reuniam semanalmente centenas de sambistas e simpatizantes para cantarolar, batucar, beber e reencontrar amigos. Com hora para iniciar e encerrar as atividades.
               Rogo que Porto Alegre retome sua alegria, seus batuques e suas concentrações populares.   

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