5 de jul. de 2022

Sobre amor, amizade e música, por Indaiá Dillenburg

 


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            Para mim, essas três palavras se misturam, pois minha base musical veio com meu primeiro grande amor que também era meu melhor amigo: meu pai, o velho Barthô, com nome de santo: Bartholomeu.

E que bom gosto musical tinha o meu velho, além de ouvido absoluto. Nada passava despercebido. Proibido semitonar. Contei numa crônica, sobre minha felicidade ao descobrir que a memória musical é a última a abandonar o acometido pelo mal de Alzheimer. Isso me fez sorrir, porque meu pai, que teve Alzheimer, era música por todos os poros. Ele me apresentou  grandes artistas que me acompanham: tem o Nelson Gonçalves, o Noel Rosa, o Cartola, o João Nogueira, Agepê, Benito di Paula, Lupicínio Rodrigues. Sim, porque valorizava muito os compositores. Eta homem que respeitava o compositor. Chegou um dia lá no nosso

apartamento do Beco do Carvalho, na zona leste de Porto Alegre, com um disco de vinil debaixo do braço, dizendo:   Venham conhecer o Alcides Gonçalves, o parceiro do Lupicínio Rodrigues que ninguém conhece.

Falando em Beco do Carvalho e seguindo na vibe do amor e da amizade, preciso falar no meu saudoso amigo Cleber, um amor para sempre. Com ele e a turma do Beco aprendi a outra metade que sei sobre música boa. O Cleber chamava toda turma para curtir as novidades. Foi com ele que descobri (e me apaixonei perdidamente) Belchior. Descobri também toda galera do Clube da Esquina: o Milton, os irmãos Marilton, Lô e Márcio Borges, o Flávio Venturini, Beto Guedes, isso para citar alguns. Depois vieram Caetano, Gil, e Djavan. Aliás, vendo há alguns meses um programa de talentos da terceira idade, me deparei com uma cantora que conheci através do Cleber.

A maravilhosa Clarice Grova. Ele era assim, garimpava personagens incríveis. E na lista tem outras mulheres: Alcione, Sandra de Sá, Clara Nunes, Beth Carvalho, Rita Lee, Simone, Nana Caymmi e as duas que nunca me abandonaram: Maria Betânia, que me trouxe  Gonzaguinha e Chico Buarque e Elis Regina, que me trouxe Aldir Blanc, João Bosco e chancelou meu amor por Belchior, sem falar no Milton e seus parceiros de melodia.

Mas estranhamente, não foi o pai, nem o Cleber que me apresentaram a dama do samba, dona Ivone Lara. Quem fez isso foi a caçulinha da família Soares, minha estrela Guaíra. Em breve dedicarei uma crônica, aqui nesse espaço, exclusiva para dona Ivone. E vieram tantos

outros artistas que acabaram conquistando por osmose, as minhas filhas. Em outra ocasião falarei sobre eles e sobre a relação dos meus bebês com a música.

            É bem assim. Essa relação de amor com a música me acompanha pela vida afora, faz parte da trilha sonora da minha vida boa. E eu ouso dizer que entendo o sentido da vida. A vida com amor, amizade e música deixa tudo melhor, isso traz felicidade. Ao findar nossa missão por aqui, o que ficará é a lembrança do que vivemos.

Sobre isso, vendo um vídeo do genial Rubem Alves em uma entrevista a outra fera, Antônio Abujamra curti muito o que ele dizia: “A vida é uma causa perdida, no sentido de que a gente vai morrer. Mas até lá, ela é um desafio, uma aventura...”. É isso. É exatamente isso. Bora viver. Ainda estamos aqui. Viva o amor, a amizade e a música.

Como minha vida boa é cercada de música, me veio à mente um aniversário de muitos anos atrás em que outra turma me presenteou cantando “Canção da América”, do Milton Nascimento. Estou falando da minha turma de São Marcos. Turma linda que se formou na faculdade. Não, não são todos jornalistas. Têm também economistas, relações públicas, historiadores, advogados, engenheiros. E essa turma cantou essa linda obra prima para mim

(“...amigo é coisa pra se guardar, do lado esquerdo do peitooooo...) na comemoração dos meus 24 anos. Todos com uma vela acesa num bar na Fernando Machado. Lindo demais! Meus amigos sabem o meu gosto musical.

 

 

                           Um beijo da Indaiá Dillenburg e até a semana que vem.

 


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