19 de jul. de 2022

"Tirando o chapéu e abrindo o sorriso ao ouvir uma das damas do Samba - Dona Ivone Lara"

  

                                                                                               acervo da "Inda"

Espalhe amor por onde for. Quem sabe amar destrói a dor, com essas palavras que fazem parte da linda canção Sorriso de Criança, começo minha resenha de hoje. Sua autora, Dona Ivone Lara, que fez essa linda composição com Délcio Carvalho, é minha homenageada de hoje. E falar sobre a dama do samba me remete a vários temas que movem a família Armazém do Seu Brasil: cultura, afetos, brasilidade, saudade...

E saudade dos que já se foram sempre toca fundo em mim. É claro que eu tenho sempre muita saudade dos meus pais e da minha linda sobrinha Monica que nos deixou precocemente e abruptamente. Um dia escrevo, ainda não tive coragem, uma crônica sobre essa guria linda e feliz. O pai e a mãe, já falei em outra oportunidade, ganharam crônicas publicadas.

Mas o que eu quero falar aqui é da saudade que sinto, sentimos de Dona Ivone Lara, essa mulher maravilhosa que tanto bem nos fez com suas lindas inspirações. E eu fico toda envaidecida por ter participado da realização de uma homenagem a ela, ainda em vida. Dona Ivone nos deixou aos 97 anos em abril de 2018, e tinha sido homenageada um ano antes, em abril de 2017, no templo sagrado da minha vida: o Solar dos Dillenburg, mais conhecido como minha casa. Isso mesmo, embarquei no entusiasmo da sambista, cantora e compositora Guaíra Soares e da poeta Fátima Farias (ela não gosta de ser chamada de poetisa) e realizamos uma homenagem regada a bobó de frango preparado pela Fátima, que além do talento com a caneta, é uma cozinheira de mão cheia.

Foi um dia intenso, cheio de afetividade e música. Queres cantar Dona Ivone? Podes chegar. Cada convidado escolheu sua música preferida e a festa correu solta. Ficou a promessa de fazermos novas edições, mas a homenagem especial para nossa dama do samba, acabou sendo a única e ficou marcada nos nossos corações.

Essa carioca, mãe de dois, foi a primeira mulher a fazer um samba-enredo numa escola, o Cinco Bailes da História do Rio, em 1965. Suas composições foram gravadas por intérpretes como Clara Nunes, Roberto Ribeiro, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paula Toller, Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Mariene de Castro e Roberta Sá. Entres suas composições de sucesso estão Sonho Meu, Sorriso Negro e Alguém me avisou.

Mas ela era muito mais. Antes de se entregar de corpo e alma à música com suas composições que curam nossa mente, ela já tinha uma linda história. Pois graduada em Enfermagem e Serviço Social, com especialização em Terapia Ocupacional, trabalhou como enfermeira e assistente social em hospitais psiquiátricos de 1947 a 1977. Nessa caminhada, atuou no Serviço Nacional de Doenças  Mentais com ninguém menos que a doutora Nise da Silveira, uma das principais referências da luta antimanicomial no Brasil. A arte de Dona Ivone Lara, por si só, já nos arranca elogios, mas esse outro lado chancela sua importância.

Mulher sensível que merece todas as homenagens do mundo. Por isso, é a outra homenageada no projeto de Edinho Silva que está de volta: o Sarau do Seu Brasil. Essa maravilha trará fragmentos das obras de dona Ivone e de Aldir Blanc. Como Edinho já contou por aqui, os anfitriões musicais serão o violonista e sambista Dédo Pereira (o sete cordas do Armazém), Guaíra Soares e o próprio Edinho que vai comandar as resenhas. Aguardem. Vai ser sensacional.

Eu me despeço por aqui, louca que chegue a semana que vem.

                            Um grande beijo da Indaiá Dillenburg, tchau e benção.

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