20 de nov. de 2014

Encontro com Zumbi dos Palmares - mais uma de Aracaju



                  Mesmo que tenha lido poucas coisas a respeito do tema, busco sempre que posso compreender (?), apropriar-me e propor reflexões sobre a luta de Zumbi dos Palmares. Confesso a voces que em algum momento da minha vida, principalmente após a leitura de um artigo de um professor e doutor da UFMG que desvendava na ótica dele, muitas "verdades" sobre o herói negro. O material falava sobre a forma ditadora e o "alto preço" pago pelos irmãos negros pagavam para conviver com o líder. Como na ocasião, meus olhos estavam focados em outras direções não copiei as referências e, tampouco, guardei a matéria sobre o tema. O tempo foi passando e as oportunidades de discussão, amadurecimento e (por que não,?) inquietação foram surgindo. Mas sinceramente o que importa isso em meio a tanta exclusão social, injustiças e carência de oportunidades mundo afora?? Praticamente, nada. O repúdio a tudo isso deve ser muito maior. Nem comentarei o inesquecível "Crime do Homem errado", ocorrido em Porto Alegre, no dia 14/05/87. As pessoas diretamente envolvidas tem motivos para chorar até os dias de hoje. Nós, a média distância, que nos afetamos com situações como estas também somos atingidos. E aquelas pessoas que estavam do outro lado?? Não merecem uma linha deste modesto texto.
                 Conversando outro dia com um aluno africano, academico da Federal, em estágio de mobilidade academica fui alertado para detalhes interessantes sobre a força dos poderosos e domínio do Capital mundial sobre as riquezas daquele pedaço de mundo. Enquanto a fila do RU não andava, o moço falava sobre a violência urbana, sede de poder, injustiças sociais e a força das armas que chegam na calada da noite para potencializar aqueles simpatizantes da ganancia e da riqueza às custas de suor alheio. Na preliminar do "bandejão"  recebi aulas de Economia, Geografia, Antropologia e muito mais. O novo camarada africano falava do sentimento de quem ouviu falar que seus avós viviam uma vida dura, mas sem violência. Com a chegada "das armas", desembarcou também a fúria pelo dinheiro, poder e cada vez mais concentração de riqueza.
                 Discutir hoje, 20 novembro, meu repúdio à intolerância religiosa, sexual e racial não quero. Desejo sim, provocar reflexões TODOS os dias sobre estas questões. Fico triste com as super lotações nas cadeias brasileiras?? Claro e quem não fica?? A grande maioria, como dizem Caetano e Gil, na música Haiti...é de pretos, quase pretos...."  Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos... Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos e outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados
E não importa se os olhos do mundo inteiro
Possam estar por um momento voltados para o largo
Onde os escravos eram castigados
E hoje um batuque, um batuque
Com a pureza de meninos uniformizados de escola secundária
Em dia de parada
E a grandeza épica de um povo em formação
Nos atrai, nos deslumbra e estimula.
                Chega né?? Continuemos atentos e celebrando a vida..a existência de Milton Santos, Abdias Nascimento, Zezé Mota, Clementina de Jesus, Zumbi dos Palmares, Dom Gílio Felício, Mãe Menininha, Antonio Cândido, Oliveira Silveira e muito outros.  E minhas perguntas sem respostas??  Quer saber algumas delas?? Por exemplo: por que condena-se o sacrificio de animais para os ritos africanistas, considerando crime, enquanto estimula-se a criação de animais como as chinchilas para transformarem-se em casacos chiques. E as caçadas propriamente ditas?? Sei lá...vida esquisita, não??

Edinho Silva

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