26 de fev. de 2015

Na finaleira Beija Flor, de Nilópolis na pauta - Carnaval 2015

beija-flor
                                                                                                                                alegoria da escola campeã

             Algumas semanas antes do Carnaval lendo um jornal de circulação no RS uma nota de um jornalista/colunista carioca Ancelmo Góis que anunciava a "injeção financeira" de R$10 milhões no desfile da Beija Flor de Nilópolis no Carnaval 2015. O parceiro generoso seria  o Governo africano de Guiné Equatorial conhecido por seu regime ditatorial e opressor capitaneado pelo presidente ditador Teodoro Obiang, há 35 anos no comando do país. Seu filho, o vice presidente,  Teodoro Obiang Mangue, considerado foragido pela Justiça francesa (condenado pelos crimes de lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos) chefiou uma delegação daquele país que hospedou-se no Copacabana Palace para acompanhar de perto as festas de Momo. Com a primeira colocação após a apuração instaurou-se a polêmica. De um lado, aqueles que alegam que a Agremiação não evidenciou os aspectos políticos da nação homenageada, e sim sua cultura, sua arte e seu povo. Do outro, os críticos dizendo que, todos estes temas caminham muito próximos. Juristas e especialistas em direitos humanos questionam o apoio financeiro, entre outras coisas, por entender que os dirigentes daquela Nação são acusados pela organização Human Rights Watch por violações dos direitos humanos e irregularidades no processo eleitoral. Relatório da referida Organização publicado em 2014 afirma que o país tem o maior PIB per capita da África, de US$ 32,026 mil, mas ocupa o 136º lugar, em um total de 187 países, no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU. Apenas 44% da população têm acesso à água potável, e dados de 2011 mostram que os gastos do governo com educação e saúde, juntos, não passaram de 3% do PIB. O relatório cita ainda casos de tortura, detenções arbitrárias e cerceamento à liberdade de imprensa.
               O professor de Direitos Humanos da FGV Direito Rio, Michael Mohallem afirma o seguinte: "– Há uma contradição enorme em fazer uma homenagem ao povo pobre da Guiné Equatorial e, ao mesmo tempo, aceitar R$ 10 milhões que poderiam ter melhor aplicação naquele país". "– O episódio mancha a organização do carnaval, e em particular da Beija-Flor, ao não criar uma regra ética básica estabelecendo limites para que as escolas captem recursos" conclui o acadêmico.
Consultado sobre a polêmica instaurada, o sambista Neguinho da Beija Flor, tradicional nome da escola, manifestou-se em entrevista dizendo: "Se hoje temos um Carnaval organizado e com luxo, agradeçam à participação da Contravenção que ocorre há  muito tempo no Carnaval carioca". Para alguns críticos ainda, a Beija Flor repete um "equívoco" já cometido em outros anos 1973, 1974 e 1975, quando, com os enredos Educação para o desenvolvimento, Brasil ano 2000 exaltando “grandes feitos” da ditadura militar brasileira, apesar das acusações de tortura e perseguição a opositores. Em meio ao tumulto representantes da Escola posicionaram-se através de uma nota, onde afirma  que o maior compromisso seria divulgar e  “enaltecer a arte e a  força do povo da Guiné Equatorial,  bem  como a transformação dos  benefícios das  suas  riquezas  naturais em  melhorias para a população.produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://brasil.estadao.com.br/noticias/rio-de-janeiro,se-hoje-temos-o-maior-espetaculo-agradeca-a-contravencao-diz-neguinho-da-beija-flor,1636600O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://brasil.estadao.com.br/noticias/rio-de-janeiro,se-hoje-temos-o-maior-espetaculo-agradeca-a-contravencao-diz-neguinho-da-beija-flor,1636600O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://brasil.estadao.com.br/noticias/rio-de-janeiro,se-hoje-temos-o-maior-espetaculo-agradeca-a-contravencao-diz-neguinho-da-beija-flor,1636600
                Em 2012, Marcelo Freixo, então candidato do PSOL a prefeito, declarou que a Secretaria Municipal de Cultura deveria assumir o controle da coisa e transferir recursos se houvesse “contrapartida cultural”. Na oportunidade Freixo citou o caso do Salgueiro, que foi patrocinado pela revista Caras. “Que sentido faz a prefeitura patrocinar um enredo sobre a Ilha de Caras?”, questionou na TV.
               A liga das escolas reagiu prontamente com um certo “Manifesto a favor da plena liberdade de expressão”. Políticos — que vão ao Sambódromo — chamaram a iniciativa de “autoritária”, “dirigista”. Seja lá o que Freixo quis dizer com “contrapartida cultural”, não deu tempo de explicar. A proposta sumiu na avenida para nunca mais ser vista.
              Particularmente, acredito que a Escola diante de toda motivação acumulada desde 2014, o talento, ousadia e criatividade de seus profissionais, entre eles, o GRANDE Laíla seria fortíssima candidata ao título independente do acolhimento da verba "africana". Embora os resultados apurados sejam muito próximos apostaria na vitória da Beija-Flor com seus próprios recursos: Beija-Flor - 269,9, Salgueiro - 269,5, Grande Rio, Unidos da Tijuca e Portela com 269 (http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/carnaval/2015/noticia/2015/02/veja-apuracao-do-desfile-do-grupo-especial-do-rio-no-carnaval-2015.html).
              No "olho da polêmica" fica uma questão?? Se a campeã com a ajuda polpuda ficou muito perto das outras primeiras colocadas, como explicar o desfile das outras?? Critérios de julgamento? Talento dos carnavalescos?? Sambas e temas enredos bons?? Respostas para profundos conhecedores. O que não é meu caso.
              Que venham os desfiles de 2016 e suas repercussões!!!

                              Edinho Silva


Fontes:
http://www.geledes.org.br/beija-flor-e-o-dinheiro-sangrento-no-carnaval-juiza-denise-frossard-critica-enredo-patrocinado-por-ditador-da-guine-equatorial-dinheiro-sujo/#axzz3Sbmez8uV
Polêmica sobre Beija-Flor e líder da Guiné é 'alerta' para o Brasil, diz Anistia - Geledés
 
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