24 de fev. de 2015

Respeitem a decisão alheia - por Rafael Silva

 

 
              Gente, se votar em candidato A ou B fosse burrice ou sinal de inteligência, se o critério "capacidade cognitiva" fosse tão determinante, era só fazer um teste de QI ou outro mais "confiável" nos presidenciáveis e eleger o mais bem dotado.
              Aqui no facebook os dois lados estão apelando pra essa jogada de colocar em dúvida a inteligência dos eleitores do lado oposto e isso é um jogo muito sujo porque se discute qualquer coisa menos política. Política tem a ver com interesses em disputa e interesses não são questão de "bom senso" (seja lá o que isso quer dizer) ou capacidade cognitiva (seja lá o que entendemos por isso).
Hitler e toda a sua equipe do partido foram muito inteligentes. Tiraram a Alemanha de uma das maiores inflações da história mundial e criaram maneiras muito engenhosas para a época de fazer propaganda, forjar um sentido de coletividade em um país dividido, de exterminar a maior quantidade de gente em pouco tempo e com menos recursos (era preciso economizar balas na guerra) e estratégias militares muito eficazes.
              Soluções mais ou menos inteligentes só podem ser avaliadas quando sabemos qual é o objetivo e a quem quero favorecer. Se você quer parafusar um parafuso com um martelo, pode até fazer algo que funcione, mas não espere um Nobel por isso. Se o seu objetivo é matar muita gente, economizar bala e criar menos pânico nas vítimas a câmara de gás é, sim, muito inteligente.
             O que é (politicamente) questionável é a quem favorece e a quem desfavorece o uso da câmara de gás e que interesses estão por trás disso. FHC, Lula e Dilma favoreceram aqueles com quem se comprometeram. FHC privatizou praticamente tudo o que podia e favoreceu um bocado de gente nesse processo, mas desfavoreceu muitos outros. FHC mandava a polícia toda hora pra cima dos movimentos sociais. Claro! Já tinha escolhido seu lado e usou o que havia de mais eficiente à época: batalhão de choque e gás lacrimogênio. Em outras situações, a Dilma usou o mesmo recurso em comunidades indígenas lutando por demarcação. Dilma também escolheu o lado da população que não tinha acesso a profissionais de saúde em vez do corporativismo dos médicos. Os dois usaram recursos eficientes (inteligentes) de acordo com seus objetivos. Eles tomaram um lado das disputas (ruralistas com FHC e Eike Batista e outros com Dilma) e defenderam o interesse de quem tava daquele lado.
              Para cada decisão política, há favorecidos e desfavorecidos. Não pense que todo mundo fica triste quando inflação aumenta, juros sobem,... tem gente que ganha e muito com isso. Esse papo de meu partido é o Brasil é balela. Meu partido é a Friboi que me doou muita grana e agora vai querer algo em troca. Meu partido é minha base eleitoral e os que me dão apoio através de suas legendas.
Que tal a gente se respeitar e deixar claro qual o meu lado? Quem você quer que se favoreça no governo que você quer eleger? Pobres? Classe média?Banqueiros? Ruralistas? Negros? Médicos? Sem-teto? Favoráveis ao aborto? Gays?
              Escolhe o teu lado, vê quem tem estratégias mais coerentes com o objetivo que você tem, escolhe e pára de encher o saco, porque nem o Einstein conseguirá criar uma fórmula ou um sistema para agradar todo mundo.

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