5 de jun. de 2019

Circo e filosofia - Terceiro registro


                                                                         Acervo pessoal dos alunos/artistas

           Posentão...

           No meu primeiro dia de aula, cheio de expectativa e de curiosidades me deparo com uma turma de inquietos, falantes, outros nem tanto, alguns provocadores, alguns reflexivos, outros polemicos. Um "coletivo de grife" como costumo dizer, heterogêneo, de diferentes faixas etárias, humores distintos, porções generosas de saber empírico, outros de saber acadêmico.
            Em meio à uma aula de direção de espetáculo, onde o professor "instigava a massa" a manifestar-se, discutir, promovendo o debate - uma característica de toda a capacitação. Em todos os momentos nas diferentes disciplinas apresentadas éramos marcados por uma certeza. IMPOSSÍVEL SAIR DA SALA indiferente (Pelo menos este foi meu sentimento do primeiro ao último dia de aula).
            Confesso que, meu sentimento nas primeiras aulas era de um torcedor assistindo a uma partida de tênis, onde o pescoço girava para todos os lados. Era comum, ao chegar em casa, relatar à minha mulher que estava "boiando" em meio às alongadas discussões e aos acalorados debates.             
            Falava-se do filósofo Espinoza com a mesma naturalidade do que o palhaço Arrelia. Do Orlando Orfei e do Baumann. Da mística trazida pelo Mundo do Circo até os diferentes formatos circenses. As discussões "aqueciam" o ambiente oferecendo novas informações, reflexões e novos olhares para a arte.
             Na medida em que as aulas iriam ocorrendo, percebia uma transformação interna em relação as artes circenses, aos artistas da rua, da lona e aos de ambientes fechados. As atividades propostas em relação às vivências práticas propostas iam cotidianamente "recheando" o imaginário e esclarecendo quaisquer conceito equivocado que pudesse ter. E desfazendo estigmas que muitas vezes existem em quem limita-se a permanecer na platéia, sem romper a barreira imaginária do palco, do picadeiro ou do camarim.
         Já num estágio avançado da qualificação alguém sugeriu um tal lanche coletivo, uma prática que se repetiu muitas vezes (para deleite de curiosos como eu). E assim, em duas mesas centrais eram depositados frutas, bolos, chá, cafés, sucos, rapaduras e o que tivesse nas bolsas. Registro que tais rápidas confraternizações jamais sairão da minha memória.
          Vida longa ao Circo.

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