12 de jul. de 2022

Roda de samba "de grife" - "Os brasileiros" e alguns convidados e convidadas especiais

 

                                                           acervo pessoal do Armazém

            Outro dia, um reconhecido músico e sambista de Porto Alegre registrou uma inquietação que aborrece bastante. O relato denunciava a participação de sambistas, músicos e ritmistas, em diferentes estágios de aprendizado. Ou seja, iniciou a tocar outro dia e já quer chegar na roda e dar seu recado.

            Tenho múltiplas opiniões sobre o tema. Alguns e algumas diriam que, por não tocar nenhum instrumento "não tenho o lugar de fala". Discordo, veementemente, afinal não são todos os dias que cruzamos os caminhos de astronautas, né mesmo?? Porém, em muitas oportunidades ouve-se falar em astros, planetas, estrelas e por aí vai.

            Opino, sim, ancorado na defesa que faço constantemente à Cultura Popular, manifestações e folclores, Brasilidades, ritmos, samba, gente e uma porção de outras coisas. Mas afinal, por que as rodas de samba da Cidade (aliás,  escassas...) reunem tantos sambistas com seus instrumentos?? A queixa é de que quando tem muita gente, não há um filtro de quem sabe tocar e quem não sabe.

            Surgem algumas questões a serem consideradas: A roda de samba não deve ser uma manifestação pública, livre e democrática?? Sim. E por que a reclamação em relação a quem sabe tocar ou não?? Parece difícil...mas os atuais tempos em que vivemos permitiram (ou permitem) que as pessoas não utilizem o "filtro do critério" de conhecimentos. Certamente, o violão sete cordas não precisa ser um Paulão da Vida ou Nelson Cavaquinho ou o carinha do pandeiro, ser o Bira Presidente ou Nereu, do Trio Mocotó, né?? Mas é obrigatório ser "um meia boca arrumadinho", para não estragar a roda.

            Particularmente, como expectador, fã e simpatizante "as ganhas" acho que uma roda precisaria ter alguns critérios acordados. Ou seja, todos pode tocar, entretanto, o "samba fica redondo" se tiver um pandeiro, um cavaquinho, um violão, um surdo, um tantan e percussão geral. Se acaso tiver dois ou tres cavaquinhos, meia dúzia de pandeiros, rebolos, surdos, tamborins e afins, os cantos "atravessam". E como??

            Será que uma boa solução não seria uma reorganização nestas ações? Assim a roda de samba do barzinho da Zona Sul estará movimentada com 6 integrantes no comando do samba. O resto do povo, vem nas cantorias. Os músicos que sobraram (ou que excederam o número tolerável), armariam uma outra roda ou perto ou distante dali.

        "Tá Edinho, mas o "povo que chega junto para cantar e tocar", também toma umas geladas na conta dos que estão tocando há mais tempo?? Daí é cara de pau mesmo...Uma coisa é tocar por 3 horas, a fio, sem cachê e nem ajuda de custo, sem ganhar algumas moedas, umas cervejinhas ou uns petiscos? É justo.

        Nem sei muito bem o que penso sobre aqueles que chegam na metade da função, "atravessam o samba", tocam errado e dão umas "bicadas" nos copos alheios. Putz!! "Medalha de cara de pau..."Total!!

        O lance é o seguinte...tempos malucos estes que vivemos. Certamente, ao levantarmos esta discussão não faltará que reivindique seu direito livre de manifestação. "Agora não posso tocar meu instrumento na roda de samba dos meus amigos?" Se estás no início da carreira de músico (na fase inicial de aprendizado), por favor não atrapalhe. Ouça, cante, faça "teu comercial na palma da mão". Compre tua cerveja, se não tem grana? Identifique algum conhecido e negocie alguma coisa do tipo: "nesta semana EU não tenho, na outra é comigo..". Mas volte, né?? Ficar percorrendo a cidade com o case nas mãos e muita sede, não eras...  

                                                                                            Edinho Silva

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