19 de out. de 2010

Entre maçãs e abacaxis na avenida

Tianinha nos conta que, num Carnaval no final dos anos 90, ainda na avenida Perimetral, durante um desfile de uma modesta, mas entusiasmada Escola de Samba da zona Sul de Porto Alegre, ocorreu um fato “ligeiramente” inusitado. O tema enredo referia-se a um Brasil Tropical e suas riquezas naturais. Trazia na ocasião, muito samba no pé, fantasias humildes, porém, a alegria nos rostos. O entusiasmo era geral. Infelizmente, não havia a previsão de carro alegórico durante o desfile, mas sim alegorias com vegetação e muitas frutas tropicais.  Numa delas, a maior na verdade, a Diretoria da Escola trazia um volume grande de frutas, obrigando um esforço maior por parte dos colaboradores para empurrá-la (ou conduzir como queiram). Eram cinco corajosos e musculosos jovens da comunidade, os responsáveis pela condução do tal carro de frutas – o Colosso Tropical. Tão logo, a Escola adentrou na avenida a notícia do extravio do dinheiro do pagamento dos profissionais e operários espalhou-se. Inquietação geral, principalmente, entre os “suados” empurradores da destacada alegoria. Coisa muita séria. Alguns queriam largar a tarefa no meio da avenida, outros não acreditavam na notícia e poucos decidiram conduzir até o final a alegoria. Aliás, estes convenceram os demais a dar seguimento à tarefa em respeito ao esforçado Diretor de Carnaval. Se fossem pensar no Presidente e na primeira dama perderiam a cabeça e largariam a tarefa.

E lá seguiu a agremiação carnavalesca, a alegoria e o grupo para enfrentar os 40 minutos de avenida fingindo alegria e disfarçando o constrangimento. Trabalhar de graça, nem relógio, né mesmo? Desconsolado e furioso, o nego Jorjão não se conteve e atracou alguns cachos de uva. Os demais acharam a idéia razoável e enquanto empurravam se deliciavam com pêssegos, ameixas, bergamotas, bananas, morangos. A tristeza deu lugar à folia. E o resultado disso? Quando tal alegoria chegou ao palanque ainda restavam uma melancia (filha única), alguns poucos melões e dois abacaxis. Acreditem, Tianinha jura “de pés juntos” que, as frutas que sobraram para o julgamento dos jurados, não rendia uma salada de frutas para três pessoas.                                                                       

O presidente da Escola e a primeira dama até tentaram cobrar postura do quinteto, porém o ensaiador de bateria sugeriu que, ambos embarcassem num táxi e tirasse umas “férias” da vila.

Putz, literalmente, que baita abacaxi, hein?

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