19 de out. de 2010

Vozes caladas

     

Oportunismo, vaidades ou falta de bom senso? Bradava, nosso amigo Zeca do surdo,  sentado à  uma das mesas do Armazém. Nosso “sambista polêmico”  apresentava seu desconforto em relação aos Festivais de Sambas Enredo que acontecem em nossa Porto Alegre. Num desabafo triste, emocionado e enfurecido, Zeca afirmava não entender a razão que motiva as Diretorias das Escolas de Samba permitirem  a participação de intérpretes das Agremiações co-irmãs nos concursos que elegem os sambas enredos de suas escolas.
Por exemplo, “Joãozinho da  Silva”, o melhor intérprete da Cidade, famoso por levantar as arquibancadas  no dia do desfile, com seu ritmo quente, no melhor estilo Sapucaí,  é um dos melhores cachês da festa popular do Estado. Certo? Justíssimo, mas o que deixa Zeca maluco é o que, vem se repetindo ano após ano. O “passe artístico” do moço é leiloado sempre ao final de cada desfile e muito disputado no mercado de destaques do Carnaval do ano seguinte. Indignado,  Zeca do surdo,  busca razões para entender POR  QUE os dirigentes permitem sua participação no Festival? Em muitos casos o titular da sua entidade, sequer poderia participar da harmonia do premiadíssimo  Joãozinho. Então por que constrangê-lo 6 meses antes??
Segundo ELE,  se o Dirigente não consegue “bancar” o cachê do melhor,  parte para os planos B, C e, em alguns casos, uma outra alternativa. Certo? Sim. De fato o sujeito que acabou sendo a opção de alternativa, acaba vendo um samba enredo composto e interpretado de uma forma completamente diferente da sua. Expondo-o diante de sua comunidade e de suas próprias limitações. Com isso, todos aqueles intérpretes, do chamado segundo escalão, ou ficam sem oportunidades – acabam transformados eternamente em SEGUNDA VOZ  do Carnaval, ou desistem depois de alguns desfiles. O compadre Zeca, não perdoa: “Pô, os caras jogam contra o próprio patrimônio, mermão!!”, “ Se o titular da Escola é de nível médio, como vão dar moral para o bambam da outra? Né, meeesmo?, complementa com seu carioquês  gaudério. E continua - ”O malandro canta na outra no dia principal e ainda vai no festival e TOMA o maior prêmio. Assim constrange nosso canário...Bah, tenha paciência, pô!!”.
O tio João do Brasil, a dona Morena, Tianinha e uma galera do samba acompanham o Zeca no raciocínio. Segundo ELES, “é tiro no pé” e embora estejam afastados do Carnaval por razões diversas, permitem-se propor a reflexão. Dr. Totonho aprova o protesto e acrescenta: “Meus senhores e senhoras, ainda se fossem como atração da noite (shows especiais), a preservação das pessoas estaria assegurada” – sentencia.
E agora?     

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