3 de nov. de 2010

Religião é coisa séria



Numa amistosa e bem humorada conversa com a Tianinha, o Nego Edi nos traz mais uma estória boa. Contou-nos que, a Tianinha na companhia das amigas Angelita e Neusinha, participou de uma festa religiosa  na casa de Mãe Natália de Oxalá na semana passada, lá pelas bandas do bairro Boi Morto, em Santa Maria.
Enquanto “a função” não começava, batia papo com alguns presentes, reencontrando pessoas conhecidas e de muito boa prosa. A uma destas perguntou pelo Genaro, um italianinho  de Caxias que adorava um batuque e “recebia” um preto velho muito requisitado na casa.
Foi informada que,  o desaparecimento do Genaro foi  notado há dois meses. Contam ”as boas línguas” que, logo depois que a mulata Salete passou a consultar com o preto velho recebido pelo italianinho iniciou-se a confusão.
Toda a vez que a bela ia tomar um passe, o “preto veio” dizia, quase sussurrando,  no seu ouvido: - “o véio qué galá!!”. Assim foi por muitas sessões no terreiro da Mãe Natália. Era a mulata chegar no recinto, o “preto véio” vinha ao mundo, como dizem os entendidos. E dê-lhe...”o veio qué galá”.  Sempre a mesma história, por longo espaço de tempo.
                Cansada do assédio, a moça resolveu contar ao marido, nego Sidão, mecânico bom de briga, e convidá-lo a tomar uns passes também. Ao chegar no terreiro resolveram  separar-se para flagrar o italiano. Quando aproximou-se do “preto  véio”, já foi ouvindo direto no ouvido, com voz rouca e macia – “o veio qué galá!”, “o veio qué galá!”.  Neste exato momento, Salete sinalizou para o marido que, chegou junto à entidade, já com os punhos cerrados.
              Ao perceber a aproximação do marido, com os  olhos arregalados o “preto véio” falou com uma voz clara e alta, nunca ouvida no terreiro: “o véio qué  GALÁ-NÁ, GALA-NÁ”. Ninguém entendeu nada, pois "o pessoal da Angola" era chegado a uma cachacinha e não refrigerante. Enfim...
Depois daquele dia, nem o Genaro, nem o “africano Pai Bento de Uganda’ que o moço recebia, foram vistos na casa.  Nossa!! Religião é coisa séria, né mesmo?  O nego Edi disse que sempre desconfiou do "italianinho".

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