25 de ago. de 2014

O frio do Sul




Esta é na conta do Carlito Trovão

               O mulato Valdez trabalhava com a venda de produtos odontológicos. Homem rude da fronteira, acostumado com o rigor das temperaturas severas, ao migrar para a Capital (ainda jovem) foi adaptando-se às manias da Cidade Grande.Simpático e de boa fala, logo ingressou no ramo de comércio odontológico com "todas as forças". 
               Começou "miúdo", mas logo em seguida ascendeu na empresa, ganhou novo cargo e de vendedor esforçado assumiu  o cargo de Coordenador de vendas de toda a Região Sul do Brasil. Na nova condição profissional, necessitou trocar sua bombacha por finos ternos masculinos, acompanhados de gravata. A partir daquele momento seria um "moço bem apessoado", como ELE  mesmo dizia. Sem problemas, pois  parafraseando o cara sempre ouvíamos a frase peculiar: "Pagando bem...que mal tem??"
          Num rigoroso dia de inverno, de temperaturas gélidas (o Valdez não estava mais acostumado), agenda lotada de compromissos o nosso Coordenador deveria visitar a Região Serrana do RS e depois seguir viagem até a cidade de São José dos Ausentes, última parada do roteiro. Para quem não conhece a fama destes lugares, é frio demais. Dificilmente, os sambistas Arlindo Cruz ou o Martinho da Vila fariam show por lá. Cantar calçando sandálias ou chinelos, nem pensar!!! Dedos roxos na certa. Antes de sair de casa rumo ao roteiro gelado, o Valdez foi até o quarto e abrindo uma das gavetas da cômoda de sua mulher retirou um objeto que ninguém viu o que era. Pouco tempo depois despediu-se da familia e seguiu viagem.
              Enquanto aguardava na recepção de um consultório de Caxias, nosso amigo quase  tremia de frio. A intensidade foi tanta  que o moço foi acometido de um ligeiro desmaio. Chamada uma equipe de socorristas "o cara das vendas" recebeu o atendimento. Levaram-no para uma sala na maca e buscaram retirar sua calça para a colocação de uma roupa mais confortável do Hospital. Qual surpresa no gesto??                   Antes de receber um cobertor térmico, o Valdez foi pego usando uma meia calça da sua mulher. Risos contidos na mala, o paciente foi lentamente acordando. E quando isso ocorreu completamente, o paciente fanfarrão foi indagado sobre o uso do acessório feminino. O cara de pau e de pouca vergonha respondeu: "Usei  a meia calça por duas razões - a primeira para amenizar a saudade da Dona Patroa e a outra para enfrentar o frio destas cidades que, mais parecem o Alasca ou um freezer gigante de tão frio".                      Gargalhada geral  na sala do hospital. O Carlito Trovão jura que o amigo Valdez é capaz de tudo...Cada coisa!!!

Edinho Silva

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