18 de abr. de 2013

Da coleção "Não abri a porta do carro, mas sou o cara!!" - Milton Santos, o Doutor geógrafo


             
 
             Se fosse vivo, o Doutor em Geografia e entendido das coisas de POVO, o geógrafo Milton Santos, estaria comemorando 87 anos de idade no mês de maio. Considerado um dos intelectuais mais importantes do Brasil, o cara nasceu, em Brotas de Macaúba, na Chapada Diamantina (BA). Filho de professores primários, aprendeu a ler e a escrever aos cinco anos, sem frequentar qualquer escola. Aos oito, já dominava a álgebra e dava os primeiros passos no francês. Descendente de escravos emancipados antes da Abolição, Santos chegou a pensar em cursar Engenharia, mas desistiu quando o alertaram que havia resistência aos negros na Escola Politécnica. Isso porém, não o impediu que enfrentasse várias manifestações de racismo na sua vida escolar e acadêmica.
             Durante a fundação da Associação dos Estudantes Secundários da Bahia, da qual Milton Santos participou ativamente, foi convencido a não se candidatar ao cargo de presidente: seus colegas argumentaram que, como ele era negro, não seria capaz(?) de conversar com as autoridades. Terminado o ginásio, Milton seguiu para a Universidade Federal da Bahia, onde formou-se em direito, em 1948. Dez anos depois, Milton Santos tornou-se Doutor em geografia, pela Universidade de Estrasburgo (França).
            Com histórico de preso político em 1964, manteve seus discursos por justiça social e as requintadas orientações a seus alunos e orientandos até seus últimos dias de vida. Ao comentar com um amigo do Armazém, o relações públicas Miguel Ribeiro o mesmo recordou uma entrevista onde destacou-se uma frase de Milton Santos "De que adianta tanta tecnologia neste mundo moderno, se ao abrir as janelas de minha casa ainda avisto seres humanos alimentando-se de lixo??"
            Quem leu, conheceu ou assistiu alguma fala deste senhor negro com cara de Brasil, sabe porque ele figurou no Armazém do seu Brasil.
Edinho Silva
 
 
"O País Distorcido"
Autor: Milton Santos

Num mundo assim transformado, todos os lugares tendem a tornar-se globais, e o que acontece em qualquer ponto do ecúmeno (parte habitada da Terra) tem relação com o acontece em todos os demais.

Daí a ilusão de vivermos num mundo sem fronteiras, uma aldeia global. Na realidade, as relações chamadas globais são reservadas a um pequeno número de agentes, os grandes bancos e empresas transnacionais, alguns Estados, as grandes organizações internacionais.

Infelizmente, o estágio atual da globalização está produzindo ainda mais desigualdades. E, ao contrário do que se esperava, crescem o desemprego, a pobreza, a fome, a insegurança do cotidiano, num mundo que se fragmenta e onde se ampliam as fraturas sociais.

A droga, com sua enorme difusão, constitui um dos grandes flagelos desta época.

O mundo parece, agora, girar sem destino. É a chamada globalização perversa. Ela está sendo tanto mais perversa porque as enormes possibilidades oferecidas pelas conquistas científicas e técnicas não estão sendo adequadamente usadas.

Não cabe, todavia, perder a esperança, porque os progressos técnicos obtidos neste fim de século 20, se usados de uma outra maneira, bastariam para produzir muito mais alimentos do que a população atual necessita e, aplicados à medicina, reduziriam drasticamente as doenças e a mortalidade.

Um mundo solidário produzirá muitos empregos, ampliando um intercâmbio pacífico entre os povos e eliminando a belicosidade do processo competitivo, que todos os dias reduz a mão-de-obra. É possível pensar na realização de um mundo de bem-estar, onde os homens serão mais felizes, um outro tipo de globalização.

Fontes de pesquisa:
http://miltonsantos.com.br/site/
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs28029904.htm

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