15 de abr. de 2013

Tristeza e revolta - Holocausto brasileiro: 50 anos sem punição


  Meus queridos, 
  
           A vida poderia ser eternamente uma grama verde no pátio de nossa casa, um riso nos lábios, um abraço apertado, um bom prato de arroz com feijão temperado, um beijo do neto ou do filho, uma taça de espumante com o amor da nossa vida, um bom filme no cinema, um naco de chocolate, um chopp gelado, mas infelizmente, não é.
           Existem coisas tristes. Muito tristes. Injustiças sociais, concentração de renda, corrupção, má gestão dos recursos públicos, ganância, soberba e alguns fatos como a brutalidade da situação apresentada em matéria publicada pela Tribuna de Minas Gerais.
           Leia e se possível, acesse o site do post. O resto é lágrima no nosso olho.
Beijo.  

Edinho Silva   

Por DANIELA ARBEX
Milhares sucumbiram de  frio, fome, tortura e doenças curáveis; 50 anos depois, ninguém foi punido por este genocídio
fonte: http://www.tribunademinas.com.br/cidade/holocausto-brasileiro-50-anos-sem-punic-o-1.989343

Mulheres eram mantidas em condições subumanas. Ociosidade contribuía para morte social


Não se morre de loucura. Pelo menos em Barbacena. Na cidade do Holocausto brasileiro, mais de 60 mil pessoas perderam a vida no Hospital Colônia, sendo 1.853 corpos vendidos para 17 faculdades de medicina até o início dos anos 1980, um comércio que incluía ainda a negociação de peças anatômicas, como fígado e coração, além de esqueletos. As milhares de vítimas travestidas de pacientes psiquiátricos, já que mais de 70% dos internados não sofria de doença mental, sucumbiram de fome, frio, diarréia, pneumonia, maus-tratos, abandono, tortura. A reportagem descortinou, ainda, os bastidores da reforma psiquiátrica brasileira, cuja lei sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, editada em 2001, completa dez anos, embora nenhum governo tenha sido responsabilizado até hoje por esse genocídio.
Criado pelo governo estadual, em 1903, para oferecer "assistência aos alienados de Minas", até então atendidos nos porões da Santa Casa, o Hospital Colônia tinha, inicialmente, capacidade para 200 leitos, mas atingiu a marca de cinco mil pacientes em 1961, tornando-se endereço de um massacre. A instituição, transformada em um dos maiores hospícios do país, começou a inchar na década de 30, mas foi durante a ditadura militar que os conceitos médicos simplesmente desapareceram. Para lá eram enviados
Sem qualquer critério para internação desafetos, homossexuais, militantes políticos, mães solteiras, alcoolistas, mendigos, pessoas sem documentos e todos os tipos de indesejados, INCLUSIVE inclusive, doentes mentais. Eles abarrotavam os vagões de carga de maneira idêntica aos judeus levados, durante a Segunda Guerra, para os campo de concentração nazista de Auschwitz, na Polônia. Wellerson Durães de Alkmim, 59 anos, membro da Escola Brasileira de Psicanálise e da Associação Mundial de Psicanálise, jamais esqueceu o primeiro dia em que pisou no hospital em 1975. "Eu era estudante do Hospital de Neuropsiquiatria Infantil, em Belo Horizonte, quando fui fazer uma visita à Colônia 'Zoológica' de Barbacena. Tinha 23 anos e foi um grande choque encontrar, no meio daquelas pessoas, uma menina de 12 anos atendida no Hospital de Neuropsiquiatria Infantil”. A metáfora que “tenho sobre aquele dia é daqueles ônibus escolares que foram fazer uma visita ao zoológico, só que não era tão divertido, e nem a gente era tão criança assim”. Segundo o psicanalista, o sentimento unanime era de impacto causando lágrimas coletivas.
Em meio a ratos, insetos e dejetos do lugar, até 300 pessoas por pavilhão deitavam sobre a forragem vegetal, capim que servia de colchões. "O frio de Barbacena era um agravante, os internos dormiam em cima uns dos outros, e os debaixo morriam. De manhã, tiravam-se os cadáveres", contou o psiquiatra Jairo Toledo, diretor do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (CHPB).
Atualmente 190 pacientes asilares estão sob a guarda do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (CHPB), mas sua sobrevida é estimada em, no máximo, mais uma década. Para que a memória não seja enterrada, o Museu da Loucura vai continuar lembrando o que, convenientemente, poderia ser esquecido. Idealizado por Jairo, o museu foi inaugurado, em 1996, no torreão do antigo Hospital Colônia, e pretende ser um tributo às dezenas de milhares de vítimas da lendária instituição. Em 2008, a publicação do livro "Colônia", também organizado por Jairo, expôs as feridas de uma tragédia silenciosa abafada pelos muros do hospital. "Por mais duro que seja, há que se lembrar sempre, para nunca se esquecer - como se faz com o holocausto - as condições subumanas vividas naquele campo de concentração travestido de hospital. Trazer à tona a triste memória dessa travessia marcada pela iniquidade e pelo desrespeito aos direitos humanos é uma forma de consolidar a consciência social em torno de uma nova postura de atendimento, gerando uma nova página na história da saúde pública", afirmou o ex-secretário de estado da saúde de Minas, o deputado federal Marcus Pestana. (PSDB/MG).

3 comentários:

  1. Excelente "post" seu Brasil! Os hospitais psiquiátricos desse Brasil a fora serviam também para que muitas famílias internassem suas filhas que não seguiam as regras padrões da sociedade da época. Pouquíssimas conseguiam fugir e a maioria enlouquecia...

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    1. Bem no clima apresentado em Lado a lado - a novela global que abordou o início do futebol no Brasil, o nariz torcido para a capoeira e corajosamente, apresentou o belo samba interpretado pelo Dominguinhos do Estácio. abraço, Edinho Silva

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  2. Olá,minha vó materna ficou internada nesse hospício,morreu por lá, ela tinha apenas 28 anos,provavelmente por volta de 1931.
    Sendo que minha mãe tinha apenas 3 meses de idade e foi criada por outras pessoas da família.

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