22 de ago. de 2018

Um Brasil regional


    Acervo dos artistas

            O RS é reconhecido mundialmente pela produção de diferentes talentos artísticos musicais. Os mais diferentes ritmos são tocados, cantados e dançados por estas bandas. Embora tenha a fama de público rigoroso e inflexível em relação à cultura e comportamentos os gaúchos marcam seus espaços no cenário musical mundial. 
         É bastante comum ouvir falar de nossos músicos, compositores, cantores, bailarinos, "violeiros", percussionistas e grupos folclóricos circulando pelo Mundo em diferentes aeroportos, o tempo inteiro. 
       Os talentos musicais são identificados em diferentes áreas e gêneros musicais: do pop ao regional, registramos ritmos dos "hermanos" vizinhos, a bela música negra litorânea, o samba, o sertanejo, o tango, a cumbia, o swing, jazz e por aí vai. 
        Muito comum também encontrar em festivais musicais pelo Brasil ou até mesmo em turnês nas Capitais brasileiras os gaúchos e as gaúchas nos palcos. 
        E as "misturas" existem? E como. Todos os meses de setembro o RS inteiro comemora a Revolução Farroupilha (neste caso, nem entramos na discussão da validade das comemorações, pois os olhares passam a ser culturais valorizando a música, a dança e o folclore do Estado. Em Porto Alegre, na Capital, existe um espaço conhecido como Acampamento Farroupilha, famoso por acolher diferentes grupos nativistas, sua indumentária, seus costumes, suas comidas e suas músicas. 
         As emissoras locais estruturam espaços de transmissão de rádio e televisão. Uma delas, a maior, mantinha e mantém até os dias de hoje, um Programa de entrevistas esportivas com participação musical. Um jornalista da emissora mediava um bate papo com convidados e em alguns intervalos um grupo musical convidado faz a trilha sonora. Geralmente, o ritmo escolhido era o samba, pois o nome do Programa tinha relação e a espontaneidade de um "Botequim". 
        O produtor do Programa era o jornalista Vinicius Brito, sambista e compositor de sambas enredos, pesquisador de Carnaval pelo Brasil e atuante nos assuntos que envolviam o tema "na aldeia". 
         Naquela ocasião, a trilha sonora de nosso blog era comandada pelo Quinteto "BATUCADA do ARMAZÉM" e estávamos na fila de espera para uma participação no Programa. Na primeira semana de setembro de 2012, recebemos um contato e o convite para a tal participação. Tudo certo? Mais ou menos, pois não seria gravação e sim ao vivo, sem edição direto do estúdio aberto montado no acampamento gaúcho. 
           E o convidado da entrevista seria um famoso cantor nativista - Joca Martins, seu grupo, sua mulher Juliana Spanevello, também cantora. Compartilhei com o grupo sambista antes de confirmar a participação. A decisão não poderia ser tomada individualmente. Era difícil, em pleno espaço gaudério, chegar com cavaco, pandeiro, violão, surdo e rebolo para "armar uma roda de samba"? 
        Tudo poderia acontecer naquele espaço cultural. Iríamos misturar vanerão com samba de raiz. Depois de algumas discussões, aceitamos o desafio. Afinal, o time sambista era pesado. Sambistas ligados às escolas de samba de Porto Alegre com larga vivência no mundo da música. Compositores e intérpretes de avenidas e sambas de terreiro e partido alto de longa data. 
       A acolhida foi a melhor possível e a conversa "esquentou" mesmo quando conversamos sobre Grêmio, da Juliana e Inter, do Joca. Discussão de relação na arquibancada e os sambas do Guineto e do Aragão tocados pela gaita do gaúcho na companhia afinada do cavaquinho. 
     Hoje, a "Batucada do Armazém" seguiu outros rumos e os amigos Joca Martins e sua esposa Juliana, seguem suas carreiras de sucesso no meio da música gauchesca. 
     O Sul, como o Brasil, é assim: cheio de misturas, de ritmos e de coisas boas.


Texto publicado no blog cultural "Causos e canções", do carioca Marcos Salles, em junho 2018

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